Por daniela.lima

Rio - Incrível: o samba estava ficando meio de fora do repertório — e do dia a dia — de um dos mais recentes nomes do estilo. A bela Roberta Sá surgiu sambista no álbum ‘Braseiro’, de 2005, e vinha ficando mais pop após ‘Segunda Pele’, de 2011. “Só que aí eu separei vários sambas para escutar no meu iPod e, depois disso, veio o convite para dividir o palco com esses bambas”, diz a cantora, referindo-se a Martinho da Vila, Alcione e Diogo Nogueira. Com essa turma, Roberta bota a Praia de Copacabana para sambar com show feriado neste domingo, em mais uma edição do projeto ‘Nivea Viva’. 

Roberta Sá%2C Diogo Nogueira%2C Alcione e Martinho da Vila prometem agitar o público com clássicos do sambaDivulgação


A marca de cosméticos já namorou o samba nos dois primeiros anos do projeto. Em 2011, a homenageada foi Elis Regina, com show de sua filha Maria Rita. No ano passado, Vanessa da Mata relembrou a música de Tom Jobim. Desta vez, o evento ‘Nivea Viva o Samba’ adianta os 100 anos do estilo (comemorados só em 2016) com um encontro de gerações.

“Estão surgindo aí uma porção de novos talentos, novos canários”, comemora Martinho, que teve alguns de seus clássicos incluídos no repertório. Alcione, cujos sucessos ‘Meu Ébano’, ‘Não Deixe O Samba Morrer’ e ‘Rio Antigo’ estão no setlist, concorda.“É verdade. Diogo e Roberta estão vindo com responsabilidade, assim como Maria Rita, Mart’Nália. Dela, por exemplo, gosto bastante porque ela é percussionista e ainda tem o DNA do Martinho. Esse pessoal veio para ficar.”

Diogo, filho do célebre João Nogueira, mantém as tradições familiares compondo para a Portela, tantas vezes homenageada por seu pai e por Clara Nunes, amiga da família. “Não faço samba para outras escolas, sempre fiz para lá”, conta ele, que apresenta músicas como ‘Sou Eu’ (feita por Chico Buarque e Ivan Lins especialmente para ele cantar, e que ele relê com Martinho) e temas do pai, como ‘Além do Espelho’.

Roberta comemora a chegada de mais mulheres no mundo do samba, como instrumentistas e compositoras. “A mulher também está na bateria das escolas, uma coisa que nem se pensava antigamente que poderia acontecer. A gente ainda não tem uma mestre de bateria, mas eu vou estar viva para ver isso acontecer, uma mulher na Avenida regendo aquela massa sonora!”, sonha. Em ‘Nivea Viva O Samba’, ela recorda Clara Nunes e seu sucesso ‘Conto de Areia’. E seu primeiro solo no show vale como declaração de princípios: ‘Eu Sambo Mesmo’, de Janet de Almeida.

Dirigido por Monique Gardenberg e roteirizado por Hugo Sukman, o show inicia com um grande hino das rodas: ‘A Voz do Morro’, de Zé Kéti. Prossegue com lembranças de “todo mundo que já se entendeu com o samba”, como diz Monique. Dorival Caymmi (‘Um Vestido de Bolero’), Noel Rosa (‘Com Que Roupa?’), Cartola (‘O Mundo É Um Moinho’), Gonzaguinha (‘O Que É, O Que É?’), Ary Barroso (‘Isto Aqui O Que É?”) e Arlindo Cruz (‘Meu Lugar’) são distribuídos ao longo da apresentação.

Uma surpresa para as fãs é Diogo Nogueira dando uma de ator — num filme em preto e branco que é exibido quando Roberta Sá canta ‘E o Mundo Não Se Acabou’, de Assis Valente, e no qual ele é um dos malandros que disputam a personagem da atriz Maria Flor. Além da mistura de cinema e música, Diogo aprova outras mesclas. De samba com funk e rock, por exemplo. “Quando a música é boa e bem feita e dá para juntar os diferentes elementos e ter uma harmonia gostosa e divertida. Tudo vale a pena!” 

EXCURSÃO DE BAMBAS

O ‘Nivea Viva o Samba’ adianta em dois anos o centenário do estilo — que lembra o registro do primeiro samba oficial, ‘Pelo Telefone’, de Donga, em 1916. E comemora os 100 anos da chegada da marca alemã de cosméticos ao Brasil. A dupla comemoração ao som de samba atraiu 70 mil pessoas em Porto Alegre no último domingo e chega à Avenida Atlântica, na esquina da Rua Princesa Isabel, em Copa, neste domingo, às 17h. Depois, segue para Brasília (6 de abril), Recife (13), Salvador (27) e São Paulo (25 de maio).

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