Por daniela.lima

Rio - Zeca Pagodinho não está se sentindo muito bem. “Chega! Já passou a ressaca, leva essa Coca-Cola quente daqui, que isso é a pior coisa que existe!”, decreta ele, devolvendo a latinha do refrigerante à sua assessora de imprensa. “Acordei às cinco da manhã, meio resfriado.” 

Zeca Pagodinho abraça Beth Carvalho durante a gravação do ‘Sambabook’Divulgação


Tudo bem, nada que comprometa o show de lançamento de seu ‘Sambabook’ — projeto que reúne livro, fichário com partituras, CD duplo/DVD repleto de convidados — amanhã, na Fundição Progresso. “Quando participei da primeira edição do ‘Sambabook’, em homenagem a João Nogueira, pensei que só se fazia esse tipo de projeto para gente morta! Ainda bem que eu estou vivo, apesar de que me achei meio pálido na foto da capa”, brinca Zeca.

No DVD, músicas do homenageado são interpretadas por nomes do samba, como Beth Carvalho, Alcione e Martinho da Vila, mas também ganham versão na voz de gente de outros gêneros musicais, como os rappers Emicida e Marcelo D2 e o roqueiro Frejat. “Adorei esse ecletismo. E, se o Frejat um dia me chamar para cantar um rock, eu vou com ele!”, anuncia. “Não sei se eu ia me dar bem, mas lá em casa tem umas guitarras.” 

Zeca diz que cantaria rock ao lado de FrejatDivulgação


Zeca conta que o ‘Sambabook’ interrompeu um disco de músicas inéditas que ele já estava preparando. “Ficou para o ano que vem. Estou cheio de músicas novas, já tenho material para uns dois CDs. E, entre essas novas, tem pelo menos uns três porradaços que vão ser sucessos!”, atesta Pagodinho.

Enquanto não dispara as novas canções, Zeca lança pelo menos uma canção inédita, ‘Filhos de Vera Cruz’, que o cantor e compositor Altay Veloso fez para a Copa do Mundo. “Vai sair semana que vem em um CD com músicas conhecidas que falam de futebol. Vai ser a única inédita do projeto. A letra não é só exaltação: por exemplo, quando o Altay escreveu sobre “fazer um gol de letra”, ele está falando da educação. O Brasil ainda precisa ser campeão em muitas coisas, não só no futebol”, ressalta o craque do samba. “Mas nunca fui bom de bola. No campo, nunca fiz um gol, mas na vida eu faço todo dia!”


É verdade: não é à toa que Zeca Pagodinho tem fama de boa praça. “Na rua, todo mundo sempre me aborda, quer tirar foto. Isso só atrapalha às vezes, como quando minha filha quer que a leve ao Jardim Zoológico, por exemplo. Não dá, porque fica muito assédio. Mas na feira, onde vou toda semana, é tranquilo, porque, como estou sempre lá, já perdeu a graça. E eu falo com todo mundo, até com o cara que vende CD pirata: ‘Olha eu aí...’, provoco, ao que ele responde: ‘Relaxa, padrinho, não tô vendendo CD do senhor, não.’ Fazer o quê, né? Não sou polícia”, resigna-se.

Chegando ao fim da entrevista, Zeca Pagodinho já está superanimado. Levanta da cadeira, grita, dá ordens à sua equipe, nem parece que passou mal a noite anterior. Com 30 anos de carreira cheia de sucessos, comemorados com esse projeto ao lado de vários amigos convidados, ainda falta acontecer alguma coisa para coroar sua trajetória? “Falta! Uma cerveja bem gelada!”, conclui.

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