Por karilayn.areias

Rio - Personagem importantíssimo do cinema paulista, Virgilio Roveda, o Gaúcho, já fez tudo na sétima arte. Foi figurante, assistente de câmera, iluminador, diretor de fotografia. E fiel escudeiro do diretor José Mojica Marins, criador do personagem Zé do Caixão, em filmes como ‘O Estranho Mundo de Zé do Caixão’ e ‘Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver’. “Ele dorme e acorda falando em cinema. E trabalha de forma brilhante”, conta o jornalista Matheus Trunk, que, pesquisando as produções da Boca do Lixo (meca do cinema marginal paulistano dos anos 60 e 70) deparou com a história de Gaúcho. E decidiu contá-la no livro ‘O Coringa do Cinema’ (Editora Giostri, 162 págs., R$ 40).

Matheus e Virgílio%2C o Gaúcho%3A memórias da ingenuidade no cinemaDivulgação

“No Brasil tem sempre gente que faz cinema para aparecer ou namorar atrizes. O Gaúcho trabalhou durante anos ganhando pouco ou, às vezes, até nada. E fazia o que precisasse. Ele chegou a dormir no caixão que o Mojica usava nos filmes do Zé do Caixão”, brinca Trunk. Aos 68, Roveda ainda trabalha e em 2012 dirigiu e produziu ‘Tempestade no Arrabalde’. “Tudo mudou muito, hoje tem essa coisa de edital, a equipe técnica de um filme é bem maior. Ele tenta se adaptar, mas tem cineastas do tempo dele que não se adaptaram”. Um insólito faroeste dirigido por Mojica em 1972, ‘D’Gajão Mata Para Vingar’, foi rodado por ele e Gaúcho em 25 dias. “Eram 100, 150 tomadas num dia”, lembra Gaúcho, que trabalhou em faroestes, eróticos, infantis e documentários.

Boa parte do livro fala justamente sobre os tempos de ingenuidade. Durante a produção de ‘Paixão de Um Homem’, filme estrelado por Waldik Soriano (1972), a equipe, Gaúcho inclusive, foi obrigada a comer caixas e mais caixas de gelatina por causa da desinformação de um produtor. “Pediram ao tal produtor que comprasse gelatina industrial, que serve para fazer alterações na luz. E ele comprou uma quantidade enorme de gelatina comestível. Tinha gente que não aguentava mais comer aquilo”, brinca o escritor, preparando para breve outro livro, ‘Dossiê Boca — Personagens e Histórias do Cinema Paulista’.

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