Por daniela.lima

Rio - A exibição para convidados do filme ‘A Farra do Circo’ anteontem, na Fundição Progresso, não serviu para reconciliar os ex-amigos Perfeito Fortuna (um dos criadores do Circo Voador, cujos quatro primeiros anos são relatados no filme) e Maria Juçá (diretora do Circo). Brigados desde os anos 80, os dois mostram visões diferentes sobre seus períodos à frente da lona. O filme de Roberto Berliner e Pedro Bronz enfoca os quatro primeiros anos do Circo e deixa Juçá de fora.

A turma do Circo no começo dos anos 80%3A imagens raras no filmeDivulgação


Fortuna afirma não ter lido ‘Circo Voador — A Nave’, livro no qual Juçá conta sua história sobre o espaço e dá puxões de orelha públicos nele. “Nem me interessei. Ela se apropriou de uma história e é isso. Apenas sigo minha direção”, responde Fortuna.

Juçá, que prepara sua versão cinematográfica da história com o filme ‘A Nave’, dirigido por Tainá Menezes, assistiu à ‘Farra’ e o considera “uma versão legal e honesta daquela época do Circo. Mas não me apropriei de nada. Conto ali a minha versão. Até desapropriei, na realidade. Botei outras pessoas para contarem suas versões. O Perfeito é que se apropriou do Circo e entregou a casa falida, como conto no livro”, devolve Juçá, dizendo não ter sido convidada para o lançamento na Fundição.

Berliner começou a filmar o Circo em 1982, quando a lona era no Arpoador. “Eu fazia parte de um dos grupos de teatro e comecei a achar aquilo interessante. O filme tem planos longos, não tem narração, pega um pedaço pequeno do material”, relata. Ele e Bronz já haviam dirigido ‘Herbert de Perto’, sobre Herbert Vianna, dos Paralamas. “Conheci o Herbert nessa época, no Circo”, diz o diretor.

Imagens raras de shows de Paralamas do Sucesso, Celso Blues Boy, Barão Vermelho e até do grupo de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone — lançando o LP ‘A Farra da Terra’, de 1983 — estão lá. O encerramento do longa se dá com a viagem do Circo para a Copa do México, em 1986, interrompida abruptamente pela desistência da Coca-Cola mexicana de patrocinar a delegação. “Mostramos uma época em que o espírito era mais horizontal do que vertical”, afirma Bronz.

Além dos cinemas, Fortuna afirma que o filme será exibido diariamente na Fundição, às 19h.

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