Rio - Foi uma noite emblemática em Belo Horizonte. Houve um blecaute que deixou a cidade às escuras durante mais de duas horas. Quando a luz retornou, o cantor e compositor Antonio Villeroy estava em uma mesa de um café onde a ainda semi-anônima Ana Carolina ia dar um show. Enquanto ela cantava, ele escreveu a letra de ‘Garganta’, e mostrou assim que o show terminou. “É a minha cara! Grava e me manda”, desafiou a cantora, olhando aqueles rabiscos.
E assim começou a amizade e parceria dos dois. De lá para cá, ela já gravou 27 canções dele, incluindo ‘Rosas’, ‘Uma Louca Tempestade’ e ‘Pra Rua Me Levar’, além da citada ‘Garganta’. Nesta quinta-feira, porém, novamente é a vez de Villeroy — que já tem mais de 150 canções gravadas por nomes como Gal Costa, Ivan Lins, Maria Bethânia, Maria Gadú, Mart’nália, Moska, Preta Gil e Seu Jorge, entre outros — sair da pele de compositor e ir para o centro dos holofotes como intérprete de sua própria obra, no show de lançamento do seu sétimo CD solo, ‘Samboleria’, a partir das 21h30, na Miranda (Avenida Borges de Medeiros 1.424, Espaço Lagoon, piso 2, Lagoa).
“Modéstia à parte, acho que sou imbatível cantando algumas das minhas músicas”, gaba-se ele. “Certa vez fui parar em uma novela das seis cantando uma música do (compositor gaúcho, 1914-1974) Lupicínio Rodrigues (‘Felicidade’, em ‘Araguaia’). Foi minha estreia cantando em uma novela da Globo e era uma canção de outro autor. Enfim, acho que, aos poucos, as pessoas vão perdendo o preconceito e percebendo que além de compor eu também sei cantar”.
No repertório, destaque para as inéditas ‘Uni Duni Tê’ (parceria com João Donato) e ‘Ponto Com e Sem’, (parceria com Moraes Moreira). No rol das conhecidas, ‘Recomeço’ (atualmente na trilha da novela ‘Em Família’). O disco traz sambas, boleros e outros ritmos latinos, e o show vai trazer também canções que consagraram Antonio como um solicitado compositor. “Há canções minhas que não me sinto à vontade de cantar, apesar de as ter composto. Felizmente, há artistas de altíssimo nível que curtem o que faço para tornar essas canções populares”, ressalta.
Existe um tipo de composição para cada intérprete? Há um “tipo de música para Ana Carolina”? “É o que mais me ocorre!”, assume. “Com o tempo, vamos identificando o que faz parte do universo de cada artista e as composições fluem naturalmente”, ensina.