Por daniela.lima

Rio - Os eventos mostrados em ‘O Lobo Atrás da Porta’ são baseados em uma história real. Mas isso não é, nem de longe, a única justificativa para explicar a força assustadora que move essa produção. Tudo no filme é tão bem construído e executado que a verossimilhança deve ser vista apenas como elemento inicial desta obra superior. 

Leandra Leal e Milhem Cortaz são amantes em ‘O Lobo Atrás da Porta’Divulgação


O que ocorre em ‘O Lobo Atrás da Porta’ — livremente inspirado no caso da ‘Fera da Penha’, crime que chocou a sociedade carioca em 1960 — não é necessariamente novo: homem casado conhece outra mulher e passa a manter um relacionamento extraconjugal. Num dado momento, ele decide encerrar a aventura. A amante, apaixonada, não aceita o fim da relação e decide persegui-lo. Já vimos inúmeras situações semelhantes, seja na vida real, seja no cinema. Resumindo dessa forma, esse poderia ser mais um filme descartável. Mas não é. Pelo contrário.

Todos os planos de ‘O Lobo Atrás da Porta’ são pensados com o cuidado necessário para elevar, a cada quadro, a tensão que irá jorrar da personagem interpretada de forma devastadora por Leandra Leal. Desempenho que é acompanhado por seus colegas de elenco Milhem Cortaz, Fabiula Nascimento e Juliano Cazarré — veículos de diálogos naturalistas e cortantes. A segurança com a qual Fernando Coimbra conduz a câmera impressiona. Em vários momentos, a protagonista é enquadrada de costas — aumentando o suspense sobre suas ações e a confusão de sua personalidade.

Em tempos em que a produção brasileira exalta adaptações de comédias televisivas para a tela grande — quase sempre de qualidade duvidosa —, é reconfortante ver produtos como esse. Assim como ocorreu com ‘O Som ao Redor’ e ‘Histórias que só Existem Quando Lembradas’, aqui temos cinema com ‘C’ maiúsculo.

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