Por daniela.lima

Rio - O rock brasileiro não é muito estudado em universidades, ao contrário da MPB. “Você pega uma tese sobre música brasileira, vai na bibliografia e encontra inúmeros livros publicados. O rock não tem a mesma legitimidade, não há um corpo de estudos”, diz a pesquisadora e cientista social paulista Érica Magi, que estudou o rock brasileiro e a obra da Legião Urbana na graduação e no mestrado. Sua pesquisa gerou o livro ‘Rock And Roll É O Nosso Trabalho: A Legião Urbana do Underground Ao Mainstream’ (Editora Alameda, 231 págs., R$ 40).

Renato (E)%2C Bonfá e Dado%3A Legião está no livro de ÉricaDivulgação


A obra analisa a formação do grupo e a consolidação do rock brasileiro, desde os anos 50 até os grandes espetáculos dos anos 80, quando havia diferentes profissionais apaixonados por rock e cultura pop, que lutaram pelo seu espaço na indústria cultural naquele contexto. “Eram jornalistas começando a carreira na grande imprensa, produtores musicais começando e jovens querendo fazer rock”, diz Érica. Ela conta não ter tido contato com a família de Renato Russo ou com seus ex-colegas Dado Villa-Lobos (guitarra) e Marcelo Bonfá (bateria) durante a preparação do livro.

Érica coletou uma série de entrevistas antigas do grupo, e conversou com amigos dos músicos, como o produtor Mayrton Bahia. Ele explica que Dado e Bonfá nunca foram meros coadjuvantes. “O produtor fala que a Legião eram os três, e não só o Renato. Muitos falam que eles eram músicos ruins. Mas o punk foi importante para aquela geração de bandas. Não era necessário cantar e tocar bem, nem para os músicos, nem para as gravadoras”, afirma Érica.

E ela nota mudanças no cenário: vê mais interesse acadêmico em relação ao rock. “Conheço gente que pesquisa até bandas internacionais. Em 2013, uma universidade no Paraná fez um Congresso Internacional de Estudos de Rock.”

Você pode gostar