Rio - O rock brasileiro não é muito estudado em universidades, ao contrário da MPB. “Você pega uma tese sobre música brasileira, vai na bibliografia e encontra inúmeros livros publicados. O rock não tem a mesma legitimidade, não há um corpo de estudos”, diz a pesquisadora e cientista social paulista Érica Magi, que estudou o rock brasileiro e a obra da Legião Urbana na graduação e no mestrado. Sua pesquisa gerou o livro ‘Rock And Roll É O Nosso Trabalho: A Legião Urbana do Underground Ao Mainstream’ (Editora Alameda, 231 págs., R$ 40).
A obra analisa a formação do grupo e a consolidação do rock brasileiro, desde os anos 50 até os grandes espetáculos dos anos 80, quando havia diferentes profissionais apaixonados por rock e cultura pop, que lutaram pelo seu espaço na indústria cultural naquele contexto. “Eram jornalistas começando a carreira na grande imprensa, produtores musicais começando e jovens querendo fazer rock”, diz Érica. Ela conta não ter tido contato com a família de Renato Russo ou com seus ex-colegas Dado Villa-Lobos (guitarra) e Marcelo Bonfá (bateria) durante a preparação do livro.
Érica coletou uma série de entrevistas antigas do grupo, e conversou com amigos dos músicos, como o produtor Mayrton Bahia. Ele explica que Dado e Bonfá nunca foram meros coadjuvantes. “O produtor fala que a Legião eram os três, e não só o Renato. Muitos falam que eles eram músicos ruins. Mas o punk foi importante para aquela geração de bandas. Não era necessário cantar e tocar bem, nem para os músicos, nem para as gravadoras”, afirma Érica.
E ela nota mudanças no cenário: vê mais interesse acadêmico em relação ao rock. “Conheço gente que pesquisa até bandas internacionais. Em 2013, uma universidade no Paraná fez um Congresso Internacional de Estudos de Rock.”