Por bianca.lobianco

Rio - No Brasil de 1974 as mulheres não ocupavam cargos de poder, não existia telefone celular nem redes sociais. De lá para cá, muita coisa mudou. Não por acaso, ‘O Rebu’, de Bráulio Pedroso, volta 40 anos depois à tela da Globo repaginada. É verdade que a história continua sendo ambientada em uma festa, onde um corpo é encontrado boiando na piscina, e com todo o seu desenrolar acontecendo em um período de 24 horas. Mas na nova versão, assinada por George Moura e Sergio Goldenberg, Conrad Mahler (Ziembinski) sai do posto de personagem principal e entra Ângela Mahler (Patrícia Pillar) em seu lugar.

Sophie Charlotte%2C Daniel de Oliveira e Patrícia Pillar podem fazer um triangulo amoroso na trama Divulgação

“A ideia de ter uma mulher como protagonista surgiu em um dos esforços de dar contemporaneidade temática à novela. Hoje, as mulheres, mais do que nunca, estão no poder. Essa troca vai se espelhando em outros personagens”, diz Moura. O antagonista de Ângela, Carlos Braga (José Lewgoy/Tony Ramos), no entanto, mantém o seu perfil inalterado.

E se, há 40 anos, Conrad tinha um amante que apresentava como filho adotivo, Cauê (Buza Ferraz), agora Ângela tem uma ‘filha do coração’, Duda (Sophie Charlotte). O que não se sabe é se o romance homossexual insinuado no passado vai se repetir. “Não temos casal gay nessa novela”, afirma José Luiz Villamarim, diretor-geral e de núcleo. Mas há controvérsias. Os olhares trocados entre as personagens no clipe de apresentação da trama — exibido na coletiva de imprensa que aconteceu dia 24 de junho — davam margem à interpretação de que pode existir, sim, uma conotação sexual entre as duas mulheres.

Formando (ou não) um triângulo amoroso com Ângela e Duda, está Bruno, personagem de Daniel de Oliveira, uma releitura do papel que foi de Bete Mendes em 1974. Na versão original, Silvia foi assassinada por Conrad por ciúmes de Cauê, já que não aceitava a relação dos dois. No remake, não há confirmação de que a vítima será Bruno, que engata um romance com Duda contra a vontade de Ângela. “Tem que assistir”, despista o autor.

Mas, caso o morto seja o mesmo de 40 anos atrás, cogita-se que a motivação do crime seria outra, assim como a identidade do assassino. “O ‘quem matou?’, obviamente, foi mudado”, adianta Moura, que garante que o público vai saber no primeiro capítulo quem morreu, o que só aconteceu no 50º episódio na versão original.

Marcos Palmeira interpretará o delegado Pedroso e Dira Paes será Rosa, assistente de PedrosoDivulgação

Passado e presente se misturam com diferenças e semelhanças no núcleo policial. Marcos Palmeira faz o delegado Pedroso, que em 1974 se chamava Xavier e foi interpretado pelo ator Edson França. “A gente resolveu batizar o delegado de Pedroso em homenagem ao Bráulio Pedroso, autor de ‘O Rebu’”, conta Moura, que também assinou em parceria com Sergio Goldenberg as séries ‘O Canto da Sereia’ e ‘Amores Roubados’.

Braço direito de Pedroso, Rosa (Dira Paes) foi criada para essa releitura. “Essa personagem não existia. Os assistentes do delegado Xavier não tinham peso na trama. Fizemos algumas modificações na novela. A Vic (Vera Holtz) e a Maria Angélica (Camila Morgado), por exemplo, não eram mãe e filha no original, só eram muito próximas”, revela Moura, se referindo às personagens vividas anteriormente por Isabel Ribeiro e Yara Côrtes.

Já Jesuíta Barbosa dá vida a Alain, mais conhecido como Boneco, tipo defendido por Lima Duarte há 40 anos. “Não quis ver nenhuma cena do Lima porque o personagem não é exatamente o mesmo, assim como a novela é uma remontagem. A gente conversou muito rápido, o Lima contou histórias da época, disse que a novela tinha sido uma explosão. Não quis me aprofundar, perguntar como ele tinha feito o personagem”, frisa Barbosa.

As mudanças que separam ‘O Rebu’ de 40 anos atrás para o do remake estão até no evento onde a trama se passa. “Na verdade, na história original, não era uma festa, era um jantar com quatro mesas e seis pessoas sentadas em cada uma delas. Era um negócio muito menor. Essa é uma festa grande, com umas trezentas pessoas circulando”, explica Moura.

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