Por tabata.uchoa

Rio - Há desenhos de todo tipo, assim como o público. Já os tons que dão mais cor ao 22º Anima Mundi são dois: verde e amarelo. Entre os 418 filmes em cartaz a partir de amanhã, as produções nacionais dominam a cena: são 109 títulos brasileiros em uma programação que inclui animações de mais 47 países.

Dividido em quatro endereços — Fundição Progresso, Espaço Itaú de Cinema, Oi Futuro Ipanema e Centro Cultural Light —, o evento apresenta não só sessões de cinema, mas outros atrativos, como oficinas gratuitas para todas as idades, workshops e bate-papos.

A animação 'Minhocas'Divulgação

Histórias para todos os gostos serão exibidas. Há curtas mais sensíveis como ‘Roza’, de Juliano Cazarré, em que um poema feito por ele é narrado durante a animação. Além de produções mais voltadas para os pequenos, como o longa ‘Minhocas’, de Paolo Conti, sobre uma minhoca perdida do lado de fora da terra. “Este é o ano em que tivemos uma melhor safra de filmes nacionais. Mesmo a trancos e barrancos e com pouco dinheiro, estamos conseguindo avançar”, comemora Aída Queiroz, uma das diretoras e idealizadoras do Anima Mundi. “Começamos a ter material sólido e os filmes autorais começam a crescer. O nosso papel é incentivar, criar pontes e ser como uma vitrine para tudo isso”, diz ela.

A verba das nossas produções pode até ser baixa, mas não impede que filmes como ‘O Menino e o Mundo’, de Alê Abreu, consigam o seu lugar ao sol. A história, sobre a busca de um garoto pelo pai, conquistou o prêmio do júri e do público no International Animated Film Festival 2014, na França — o mais importante da área. “Foram uns dois anos de pré-produção e mais quatro de produção. O custo total foi de R$ 1,5 milhão, somados a muito sangue nosso”, conta Alê, lembrando que alguns longas animados chegam a custar 200 milhões de dólares.

'O Menino e o Mundo' conta a história da busca de um garoto pelo paiDivulgação

OBRAS DIVERSAS

A diretora Aída Queiroz conta que viveu dois meses intensos, assistindo a cada um das 1.928 obras inscritas. “Dizem que brasileiro deixa tudo para a última hora, mas o mundo inteiro esperou os últimos dias do prazo para nos enviar os filmes”, reclama. Neles, um tema se destacou.

“O individualismo exacerbado tem sido um tema recorrente e falado pelos próprios jovens”, nota. Além das animações propriamente ditas, o festival também oferece a oportunidade de bate-papos com vários realizadores como o criador do ‘Gênio para Aladdin’, Eric Goldberg. “Ele teve a sacada de filmar o Robin Williams enquanto dublava o Gênio e usar a interpretação dele naquele momento como referência para a atuação do personagem”, diz Aída, animada para o encontro com ele, marcado para o dia 2 de agosto, às 20h, na Fundição Progresso.

Outro destaque promete causar frenesi entre os beatlemaníacos. Trata-se de Bob Balser, responsável pela clássica animação ‘Yellow Submarine’, de 1968. Foi ele quem fez o storyboard de algumas cenas do desenho. No encontro (dia 31, às 20h, na Fundição Progresso), o animador promete contar mais sobre curiosidades de ‘Yellow...’, como a baixa verba e o curto prazo dado a ele e aos outros animadores do projeto, que sequer receberam um roteiro como ponto de partida.

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