Por daniela.lima

Rio - Doze atrações, entre artistas brasileiros e internacionais, se apresentam de graça de hoje a sexta em seis estações do metrô carioca. O festival Red Bull Sounderground traz sua terceira edição para cá, após duas temporadas em São Paulo. E não se limita ao eixo Centro-Zona Sul, chegando à Pavuna, à Central do Brasil e à Estação Uruguai — além das estações Siqueira Campos, General Osório e Carioca. André Salles, diretor comercial do Metrô Rio, conta que o evento é o pontapé inicial para um projeto bem maior, programado para 2015. 

Músicos do Astro Venga%2C Tautetêtitio e Duo Entre Rios posam na estação General Osório%2C em Ipanema%3A som mesmo com várias dificuldadesFabio Gonçalves / Agência O Dia


“Após o festival, vamos divulgar um edital para cadastrar músicos. Até o fim do ano vamos realizar audições para shows que vão acontecer no ano que vem em nossas estações, em comemoração aos 450 anos do Rio”, conta. “O projeto ainda está no começo e procuramos definir dias, locais e horários, de maneira que não afete o fluxo de usuários”.

O Sounderground (que ganha ainda uma festa de encerramento no sábado, com todos os artistas, no Parada da Lapa) surgiu após uma viagem que o idealizador Marcelo Beraldo fez pelo mundo, passando por 124 estações de metrô e conhecendo músicos de rua diferentes em todas elas. “Uma coisa que ficou clara para mim é que a aceitação da música nesses espaços depende da maneira como a democracia acontece nesses países. França, Estados Unidos e Inglaterra permitem arte nas ruas. O que já não acontece no Japão e em Moscou. No Brasil, temos que levar em conta que a democracia ainda é nova, tem só 30 anos. Claro que é diferente”.

Entre músicos e bandas como Akil Dasan (Nova York), Nomadic Mystics (Londres), Naadia (Moscou), Tribal Barroque (Nova York), Street Meat (Canadá) e The Art Of Fusion (Berlim) há três nomes do Rio: Tautetêtitio, Astro Venga e Duo Entre Rios. Todos costumam fazer shows nas ruas da cidade — e alguns já fizeram aquelas famosas aparições relâmpago em vagões de metrô e ônibus, que o carioca conhece tão bem.

“É um risco, até porque nem sempre a pessoa que está ali quer ver o show. É preciso uma certa coragem, também. Já entrei em ônibus com um grupo de teatro do qual faço parte. E já fiz também apresentações no vagão do metrô. Chegamos a ser expulsos com certa grosseria de um dos vagões, até”, conta a flautista Maria Tereza Gandra, do trio Tautetêtitio, cujos integrantes vieram de diferentes lugares do país e moram hoje no Rio. André Salles conta que não há proibição de que músicos se apresentem nas estações. “Mas há um grande recorde de reclamações dos usuários e os músicos podem ser convidados a se retirar nesses casos”.

Baterista do Astro Venga, Zozio RL começou a tocar na rua com músicos argentinos e viu uma nova porta que se abria. “Foi mais uma chance que apareceu para a gente. Procuramos lugares públicos em que seja possível tocar bastante alto”, conta. O novaiorquino Akil, que se apresenta também no Sounderground, foca nos lados bons. “Adoro voltar para casa depois de ver pessoas sorrindo durante o dia. A pior parte é carregar o equipamento sozinho”, brinca. “O ideal é ter um bom amplificador e saber o que você pode ou não pode fazer onde toca”.

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