Por daniela.lima

Rio - Com turnês internacionais extensas, o Jason pode até ser considerado um nome bem-sucedido do underground carioca. “A gente só não conseguiu foi dinheiro nessas tours”, lembra o guitarrista e fundador do grupo, Leonardo Panço. Ele, assim como o vocalista Vital Cavalcante, até hoje na banda, continuou trabalhando em outras áreas (um como jornalista e escritor, o outro como professor), mas ambos mantiveram o rock no foco. Em separado, os dois retornam com álbuns lançados em formato digital — Panço com o solo ‘Tempos’ e Vital como cantor da banda Helga, que lança EP homônimo. 

Vital (D) e o Helga%3A som e produção ligados à decada de 90Divulgação


Com som pesado em músicas como ‘Escolha Errada’, o Helga tem sido considerado uma volta ao rock dos anos 90. “Muita gente rotula nosso grupo como stoner rock (estilo feito por bandas como Queens Of The Stone Age), que é um estilo ligado à época. E o Alexandre Griva (produtor do disco) fez curso com Andy Wallace (produtor de Sepultura, Nirvana e Slayer). Isso deu uma cancha animal para ele”, diz Vital, que divide o grupo com outros músicos do período: o guitarrista Pedro Nogueira (ex-Rodox, ex-Luxúria), o baixista Melvin (Carbona) e o baterista Raphael Miranda (Brasov, ex-Luxúria).

Panço estreia solo, mas cercado de convidados. Sons pesados como ‘Josué’, ‘Desorgulho’ e ‘Tempo Templo’ trazem no vocal amigos como Kayo Iglesias (outro ex-Jason), Ive Seixas, Nancy Viégas, Larry Antha (Sex Noise). ‘Blood Secret’ e ‘Far Right’ trazem a cantora Karina Utomo, que é da Indonésia e vive na Austrália. Panço não canta no disco. “Quis fazer algo como o Probot (projeto do vocalista dos Foo Fighters, David Grohl), com amigos nos vocais. As melodias já estavam prontas e os convidados apareceram com letras”.

O álbum do Helga sai também em CD pelo selo baiano Brechó Discos. Panço, preparando também um disco instrumental (que já começou a gravar durante uma temporada em São Paulo, com integrantes de uma banda chamada Gigante Animal) avisa que ‘Tempos’ sai logo em vinil. Mas não se anima com CD.

“Ninguém mais compra. Outro dia o Rafael Ramos (produtor e ex-sócio de Panço no selo Tamborete) me mandou 700 CDs que estavam encalhados na casa da mãe dele, que ele ia jogar fora”, diz o guitarrista, também escrevendo o terceiro livro, ‘Superfícies’, com crônicas e ficções, a sair pela própria Tamborete. “Sempre que vendo os livros, mando CDs de brinde”, conta.

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