Rio - Quando Marjorie Estiano se lançou como cantora, ficou difícil dissociar seu repertório de tom adolescente do universo ‘teen’ da novela ‘Malhação’, na qual a atriz paranaense foi projetada, em 2004. Lançado em 2005, o álbum de estreia de Marjorie fez sucesso e abriu caminho para ‘Flores, amores e blablablá’ (2007).
Mas foi preciso longo afastamento do mercado fonográfico, de sete anos, para Marjorie — consagrada como atriz nesse tempo por atuações em novelas como ‘A vida da gente’ e ‘Império’ — poder mostrar valor como cantora e compositora. ‘Oito’, terceiro álbum da artista, cumpre bem esse papel. Produzido por André Aquino, o disco dá salto qualitativo na carreira musical de Marjorie.
‘Oito’ surpreende pela boa qualidade do repertório autoral. O título do CD, aliás, remete ao fato de a artista assinar (sozinha e / ou com parceiros) oito das onze músicas do álbum. A safra autoral inclui ‘Dónde estás’ — tema em castelhano que reprocessa influências da canção sentimental latino-americana — e ‘Luz do sol’, reggae de amor e paz cantado por Marjorie com Gilberto Gil.
O som do disco é pop contemporâneo, mas o uso recorrente do órgão hammond (instrumento pilotado no álbum pelo tecladista Rodrigo Tavares) dá toque retrô, quase jovem-guardista, a faixas como ‘Ele’, inspirado tema da lavra de André Aquino.
Como sinalizaram os ‘singles’ ‘Por inteiro’ (Jau, Tenilson Del Rey e Paulo Vascón) e ‘Me leva’ (Marjorie Estiano’), o álbum ‘Oito’ insere a artista no universo pop adulto. Seja cantando em inglês, como em ‘Driving seat’, seja em dueto com Mart’nália (‘A não ser o perdão’, música em si menos sedutora), seja revivendo marchinha-hit de Carmen Miranda (‘Taí’, de 1930) fora do trilho carnavalesco, Marjorie Estiano, enfim, diz a que veio no mundo da música. Cresceu e apareceu.