Por tabata.uchoa

Rio - Formado em 2006, em Ribeirão Preto (SP), o grupo Sambô alcançou projeção nacional nos últimos anos com fórmula populista: a diluição de sucessos alheios em mistura rala de samba (o pagode reinante nas rádios) e rock (evocado pela guitarra de Julio Fejuca). A receita é seguida com fidelidade na maioria das 16 faixas do primeiro álbum gravado em estúdio pelo Sambô.

O grupo Sambô traz sucessos de Tribalistas%2C Hyldon%2C Lulu Santos e Alicia Keys para o universo do pagode no fraco CD ‘Em estúdio e em cores’Divulgação / Site Oficial Sambô


Lançado pela Som Livre, ‘Sambô em estúdio e em cores’ traz até músicas dos Beatles, ‘Come together’ e ‘Don’ let me down’, para o universo do quarteto. Já imaginou ouvir Beatles num pagode? Pois ouça ‘Come together’...

É fato que o disco tem apelo popular. Mas a contribuição do Sambô à música brasileira é nula! Lembra do baladão ‘Eu amo você’ (Cassiano e Silvio Rochael), sucesso no vozeirão de Tim Maia (1942 - 1998) em 1970? Perdeu toda sua alma soul na pegada pop do Sambô. O mesmo acontece com ‘Na rua, na chuva, na fazenda’ (1973). O clássico de Hyldon virou pagodão. Primeiro hit de Beth Carvalho, ‘Andança’ (Danilo Caymmi, Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, 1968) é regravado pelo Sambô sem a levada irresistível que tornou a música um hit dos barzinhos. A guitarra insinua rock no início da faixa, mas logo ‘Andança’ cai no samba pagodeiro.

A mistura de samba e rock rende grandes sons desde a década de 1970. Mas o som do Sambô nada tem a ver com samba-rock. É pagode com guitarras de rock. E, nesse som, cabe tudo. Tanto que o disco irmana sucesso de Lulu Santos (‘Tão bem’, de 1984) e hit da cantora norte-americana Alicia Keys (‘Girl on fire’, de 2012).

Em ‘Tempo perdido’, hit da Legião Urbana em 1986, Fernando Anitelli (do Teatro Mágico) recita texto filosófico em pretensa sintonia com os versos reflexivos de Renato Russo (1960 - 1996). Cabe tudo no pagodão do Sambô!

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