Por karilayn.areias

Rio - Desde que fez ‘Marcelo Yuca no Caminho das Setas’, em 2011, a cineasta Daniela Broitman chegou a uma conclusão: “Música e política sempre andaram juntas e foram um instrumento de mudanças.” E como Daniela também sempre esteve envolvida com cinema e som, descobriu e selecionou outros filmes como o dela e criou a mostra ‘Polisonoridades’, em cartaz no Centro Cultural Correios.

Cena do documentário ‘Dossiê Jango’%2C de Paulo Henrique Fontenelle%2C parte da mostra ‘Polisonoridades’Divulgação

Até a véspera do segundo turno das eleições, no sábado, documentários sobre a história da música ou política brasileira integram a programação e abrem debates junto ao público após as sessões. “Depois da ditadura, a música esteve muito presente na vida política do nosso país. Ela foi uma saída para a alienação imposta naquela época”, lembra a cineasta.

“Questões sociais estão atreladas às questões políticas, que afetam a cultura, que, por sua vez, também está ligada a tudo isso”, analisa Daniela, que, para mostrar essa relação, escolheu títulos como ‘Dossiê Jango’, de Paulo Henrique Fontenelle, que será exibido na quinta-feira, com direito a bate-papo com o diretor e com o cineasta Silvio Tendler e o juiz João Batista Damasceno.

“A mostra acontecer exatamente antes da eleição foi uma coincidência, não sei se feliz ou infeliz. O fato é que não adianta só falar sobre política no Facebook. É preciso conhecer a nossa história para fazer isso e é o que tento fazer com os filmes selecionados”, provoca a curadora.

Aliás, provocação é algo presente na programação. Documentários como ‘Democracia em Preto e Branco’, de Pedro Asbeg, que fechará a mostra, contam como a música popular sobreviveu de metáforas, sem se render à censura durante os Anos de Chumbo. “Hoje não existe censura, mas alguns artistas se sentem intimidados pelos patrocinadores. Vivemos uma outra época e muitos estão mais acomodados e outros ainda se manifestam”, compara.

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