Rio - Cinquenta anos de vida, 30 de carreira e 20 de casamento. Este é um ano de comemorações para Denise Fraga, que está em cartaz no Teatro dos Quatro com a peça ‘Chorinho’. O passar do tempo trouxe para a atriz uma trajetória repleta de sucessos e uma união sólida com o diretor Luiz Villaça, mas nem assim fazer 50 anos é simples. “Esse número dá uma assustada, claro. Não é fácil envelhecer, na verdade é uma m... De repente, tenho 30 anos de carreira, mas é bonito ver a minha trajetória. Às vezes, é esquisito se ver velha no espelho, mas a nossa alma não tem rugas”, comenta. “Eu sou uma pessoa sortuda. Cada oportunidade que a sorte me deu, eu catei bem (risos).”
A celebração de tantas datas significativas só poderia ser no Rio, que, ao contrário do que muitos imaginam, é a cidade natal da atriz. “Muita gente pensa que eu sou de São Paulo, mas sou do Lins de Vasconcelos, onde escolhi esse ofício. Já estamos há dois anos e meio em cartaz com ‘Chorinho’, fizemos duas temporadas em São Paulo, passamos por várias capitais, mas estar aqui no Rio é especial”, afirma.
De quinta a domingo, Denise se despe de qualquer vaidade para interpretar uma moradora de rua que conversa sobre a vida com uma aposentada de classe média. O preconceito e a rejeição inicial dão lugar a uma rica troca de experiências. “Esse espetáculo surgiu da minha vontade de falar sobre o relacionamento humano e da nossa dificuldade de convívio, de como a gente se priva um do outro. Até por conta das redes sociais, nós estamos sendo destreinados do convívio olho no olho. Hoje em dia, o amigo que lê o seu olhar está em falta”, analisa a atriz, que pode ser vista na TV no seriado ‘3 Teresas’, no GNT.
Sem perfil no Facebook e com uma conta no Instagram pouco movimentada, Denise prefere a comunicação à moda antiga. “Eu preciso encontrar os amigos, eu amo uma mesa, uma cervejinha, uma boa conversa. Isso aqui (aponta para o celular) mudou o comportamento humano. Todos nós estamos viciados, uns mais, outros menos. Mas a gente tem que remar contra de algum jeito. O celular é sensacional, não dá para negar, só que a gente não escolheu esse novo modo de se relacionar, a gente foi escolhido. Nada substitui o olho no olho”, frisa.
Denise também foi escolhida por São Paulo, aonde foi levada pelo trabalho, mas fisgada de vez depois que conheceu o diretor Luiz Villaça, seu marido, pai dos seus dois filhos: Nino, de 17 anos, e Pedro, de 15. “Com 24 anos, fui para São Paulo fazer a peça ‘Trair e Coçar é Só Começar’ e acabei ficando em cartaz por seis anos, mas morava em um flat, resistia em fixar residência. São Paulo virou um caso de amor, literalmente, quando eu conheci o Luiz, fazendo um curta que ele dirigiu. Ali, vi que não tinha mais jeito, que precisava ficar lá”, recorda.
E, já que o namoro havia nascido em um set de filmagem, não havia mal algum em seguirem caminhando juntos também profissionalmente. Desse casamento nasceram também vários trabalhos na TV, como o ‘Retrato Falado’ — quadro do ‘Fantástico’ que está sendo reprisado no Canal Viva — e o seriado ‘A Mulher do Prefeito’, que foi indicado para o Emmy. “A festa vai ser no dia 24 de novembro e eu estarei lá em Nova York”, vibra.
A parceria com o marido é vitoriosa e bem-vinda, mas Denise cogita a hipótese de uma breve separação profissional. “Eu tenho vontade de voltar a fazer novela. Todas as vezes que me chamaram, eu tinha um projeto que me impedia de aceitar. Só preciso de um convite com certa antecedência para voltar.”