Por daniela.lima

Rio - Nem mesmo o clero da Igreja Católica conseguiu calar a voz de Roberto Francisco Daniel, também conhecido como Padre Beto. Excomungado em 2013 pela instituição cristã por fazer declarações polêmicas e liberais sobre sexo, o paulistano, de 49 anos, não baixou a bola e lança seu quinto livro, ‘Jesus e a Sexualidade’ (Editora Astral Cultural, 96 págs, R$ 19,90). Na obra, ele reúne reflexões a respeito da mensagem de Cristo, relacionando-a a assuntos como sexo antes do casamento, fidelidade, matrimônio e homossexualidade. 

Padre Beto diz que as igrejas tentam domesticar a sexualidadeDivulgação


“O título do meu livro é provocante, confesso, mas a sexualidade foi um tema escolhido naturalmente por mim. Não quero causar polêmica frente à Igreja Católica ou a nenhuma outra. Utilizei passagens bíblicas para tentar explicar, de forma positiva, coisas que afligem as pessoas. Minha intenção é criar o diálogo, abrir o pensamento e fazer cada indivíduo viver o sexo da melhor forma possível”, explica o ex-padre.

Trazendo sua visão de assuntos que são tabus para a Igreja e ainda para muitas pessoas, o escritor entende que segue a busca por uma sociedade menos hipócrita, mais aberta e livre para se relacionar com Deus. “As pessoas não seguem a moral sexual que a Igreja propõe. Elas fingem. Realizei muitos casamentos, e tenho certeza de que poucos casaram-se virgens, como manda o figurino”, conta. Padre Beto aproveitou os 15 anos de sacerdócio para se aprofundar na mente humana e acabou percebendo que muitos fiéis tratam a questão do prazer com muita dificuldade. “Lutei para conscientizar as pessoas de que ser cristão é pensar por si mesmo. É entender o que é amar e procurar refletir o que é o amor. E não seguir regras já ultrapassadas. As igrejas tentam domesticar a sexualidade, que também é uma demonstração de amor. As instituições criam problemas para a cabeça das pessoas”, diz.

Defensor também da causa LGBT, Padre Beto foi vencedor do prêmio Rio Sem Preconceito 2013, oferecido anualmente pela Prefeitura do Rio a pessoas que contribuem para a redução da intolerância na área da diversidade sexual. Ele acredita que ainda existem muitos homossexuais presos a imposições morais e religiosas. “A igreja vive uma homofobia dissimulada e maquiada. Os gays são aceitos dentro da igreja, mas não podem viver sua sexualidade. O Papa Francisco, que vem fazendo um lindo trabalho de aceitação desse público, é a minha esperança para que se comece a repensar essas questões”, espera o ex-padre.

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