Por daniela.lima

Rio - ‘O que tem pra fazer no Rio pra quem não gosta de ir à praia nem quer ir ao shopping? Aqui não tem uma feira?’ A pergunta trivial do produtor paulista Fernando Molinari — que tinha acabado de chegar da Europa — ao ator carioca Robert Guimarães deu a partida para um marco cultural da cena da cidade. Há 18 anos, nascia a Babilônia Feira Hype — em 29 de novembro de 1996, estreou na antiga sede do Clube Flamengo, na Avenida Ruy Barbosa, com o nome Mercado Glória Mundi Babilônia —, e tanto a moda como o Rio de Janeiro nunca mais foram os mesmos. 

Robert Guimarães e Fernando Molinari são os pais da Babilônia Feira Hype%2C que hoje tem patrocínio do SebraeDivulgação


A maioridade vai ser comemorada em duas edições especiais: dias 29 e 30, a Babilônia aterrissa na Marina da Glória; dias 6 e 7 de dezembro, o evento acontece no Clube Monte Líbano, no Leblon. Ambos com ingresso a R$ 10. “A sensação é a mesma de um pai que vê o filho completar 18 anos. Dá orgulho, mas também aflição em ver a emancipação”, compara Robert Guimarães.

Apesar da tal aflição, Robert e Fernando, sócios e gestores da Babilônia, podem, sim, explodir de orgulho. “Em quase duas décadas, lançamos mais de cinco mil marcas. Entre elas, ‘cases’ da moda nacional, como Farm, Reserva e Via Mia. Todas essa grifes levam para o Brasil o DNA carioca da Babilônia”, diz Robert, que enumera também as grifes que estão fazendo sucesso hoje: “A Bazis pode ser considerada uma nova Farm; a Do Caíque, de sapatos, virou febre, e as camisetas da Viva! são imbatíveis.” Molinari lembra que, nos anos 90, não se sabia o que era hype: “Não sabiam e falavam errado. Chegamos a escrever nas primeiras filipetas a pronúncia correta.”

Além de lançar grifes alternativas num tempo em que vestir um ‘novo talento’ não era nada comum, a Babilônia conquistou os cariocas por se tornar o programa legal da cidade, principalmente ao chegar ao Jockey Club, onde ficou de 1997 a 2007. “Também sempre tivemos o prestígio de artistas. A atriz Malu Valle é a nossa madrinha, foi na carona dela que vieram Marieta Severo e Renata Sorrah, entre outras. Até a Dona Zica visitou a Feira. Hoje, a Grazi Massafera é cliente assídua”, vibra Robert, que sempre abrigou artistas plásticos, grafiteiros e quem mais merecesse crescer e aparecer.

A varinha de condão da Babilônia é tão poderosa que muda, além da trajetória profissional, a vida de quem passa por lá. Marcello Bastos, fundador da Farm ao lado de Kátia Barros, que o diga. Além de a Farm ter começado e se projetado na Babilônia, foi entre uma venda e outra que ele conheceu a sua mulher, Paula Furtado. “A Babilônia foi fundamental para gente, a Farm não seria o que é sem a feira. Bombávamos de vender, sinto saudade daquela época”, diz.

E foi neste período, mais precisamente no ano de 2001, que Marcello conheceu Paula, integrante de uma equipe de vendedoras do estande da Farm na Babilônia. “Fiquei apaixonado. Começamos a namorar em 2002, nos casamos em 2008 e tivemos nosso filho, Bento, este ano”, conta ele, que contabiliza hoje nada menos que 60 lojas.

Outro que viu sua história mudar foi Roger Sabbag, empresário da Via Mia. “Foram 252 fins de semana na feira. Tenho uma gratidão imensa pelo evento. Nunca poderia imaginar que teria hoje 50 lojas”, fala, emocionado.

E o futuro continua hype: Robert e Fernando vão lançar o e-commerce da Babilônia em 2015 e viajar com a feira para outras capitais do Brasil. Como se vê, a magia carioca vai ainda mais longe.

Você pode gostar