Por nicolas.satriano

Rio - Drogas e armas de fogo poderiam ser o cenário da vida de Samara Mello, 22 anos, e de seu irmão Rômulo, 27, na comunidade do Pavão-Pavãozinho. Mas o destino quis que o projeto Dançando Para não Dançar, criado há 20 anos por Thereza Aguilar, fizesse com que eles canalizassem as energias para a arte, e não para o crime.

Samara iniciou na dança aos 6 anos e, hoje, é professora de balé, já visitou países como Alemanha e Cuba. Na próxima terça-feira, às 20h, ela se apresenta no Teatro João Caetano, junto a sua companhia Dançando Para não Dançar, no espetáculo ‘Salve o Rio São Francisco’, com canções do projeto ‘Salve São Francisco’, do cantor Geraldo Azevedo sobre o Velho Chico, um mix de homenagens e apelo à preservação do rio.

Companhia apresenta o espetáculo ‘Salve o Rio São Francisco’ no Teatro João Caetano na terça-feiraDivulgação

“No início, foi bem difícil para mim. Eu sempre quis fazer dança, mas minha mãe não tinha dinheiro para me colocar numa escola séria. Quando ela soube do projeto lá na comunidade, não pensou duas vezes. Fiz testes e passei. Desde então, já tive muitas conquistas. Pude viajar para fora do Brasil, que era meu sonho, e também já dancei com pessoas muito importantes do balé”, comemora Samara, que hoje coordena e dá aulas no projeto social.

A bailarina ainda conta que seu irmão já não dança mais, entretanto ressalta que a dança foi a salvação dele.

“Foi muito bom para o Rômulo. Ele entrou para a companhia aos 16 anos e saiu recentemente. Na época, ele estava tendo muito contato com a vida comum na comunidade e poderia ter escolhido seguir um caminho ruim. E foi através da dança que ele teve outras opções. Os amigos dele criticavam, diziam que dança era coisa de mulher. Mas conversamos com ele e, assim, ele não desistiu, e pôde ver que o que ele realmente gostava era de dançar”, comemora.

Thereza Aguilar festeja o trabalho de inclusão que promove há tantos anos em diversas comunidades do Rio.

“Tenho fatos concretos que podem comprovar que a dança modificou a vida de muitas pessoas. Tenho muitas meninas que já viajaram para fora, se especializaram e hoje são ótimas profissionais. O novo espetáculo está lindo, com toda uma temática sobre a preservação do rio São Francisco”, define.


Você pode gostar