Por nicolas.satriano
Paolla Oliveira vai interpretar a lésbica Denise%2C que se prostitui e tem como nome de guerra Danny BondMurillo Constantino / Agência O Dia

Rio - Sabe as mocinhas sofridas e dramáticas que Paolla Oliveira tantas vezes interpretou? Pode esquecer. Sob direção de Fernando Meirelles, ela volta à cena na minissérie ‘Felizes para Sempre?’, sexy como nunca se viu. Pelo menos não na TV. Uma garota de programa, lésbica, que faz faculdade de moda, toca piano e “mente que nem sente”, como define o autor Euclydes Marinho. Essa é Denise, personagem de Paolla, na carteira de identidade. Para os clientes, ela é Danny Bond.

Sedutora, muda de cara como quem troca de roupa. É ruiva, morena, loura, tem cabelo curto, comprido. Usa e abusa de figurinos provocantes. Em um dos takes, exibido no clipe durante a coletiva de imprensa da trama, terça-feira, em São Paulo, a atriz aparece só de calcinha fio-dental. Bastou para o torneado bumbum de Paolla virar o assunto mais comentado. Além de protagonizar cenas quentes de sexo, ela ainda dará beijo gay em Daniela (Martha Nowill), que, cega de paixão, não faz ideia da vida dupla que a namorada leva.

“O beijo aconteceu com a mesma dificuldade que acontece com um casal hétero, que as cenas de sexo, de nudez... Isso faz parte da história dela. Foi ótimo e tudo foi feito com cuidado e delicadeza. A sexualidade e a sensualidade fazem parte da nossa vida. Foi tranquilo de fazer e vai ser agradável de assistir”, explica a atriz, que, ao ser questionada se usou dublê de corpo para as gravações mais ousadas, assegura que não: “É tudo meu.”

Para Martha, beijar Paolla foi natural: “Como beijar um homem, um ator que você não conhece e que, às vezes, também é constrangedor. A gente se preparou para o relacionamento entre as personagens e o beijo faz parte disso. Ela foi parceira e encaramos com a maior naturalidade”, avisa. A minissérie é uma releitura de ‘Quem Ama não Mata’, escrita por Euclydes e exibida em 1982. Só que na primeira versão não existia um casal homossexual. “Naquela época não tinha gay. A ‘veadagem’ foi inventada nos anos 90”, brinca o autor.
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Com ou sem polêmica, fato é que Paolla atrairá todos os olhares. Intensa, ela se entregou à complexidade e à voracidade de Denise. Agradou tanto que foi elogiada pelo diretor. “A percepção que o público terá da Paolla vai mudar 360 graus. Ela está um monstro em cena. Vai ser uma revelação para todo mundo”, instiga Meirelles. Mas, durante a escalação de elenco, nem ele acreditava que ela pudesse se transformar nesse furacão todo.
Cena em que Daniela flagra Denise como prostitutaZé Paulo Cardeal / Rede Globo

“Foi um processo longo, de muitos testes e leituras com bastante gente. Quando resolvemos fazer com a Paolla, eu tinha essa dúvida e falei isso para ela. Mas aí ela foi mostrando sutilezas e nuances difíceis para um ator, porque é uma personagem que mente o tempo inteiro. Está incrível”, aposta Fernando, que minimiza o impacto dos takes mais sensuais. “Não temos a intenção de fazer o programa ficar erótico. Tem nudez porque ela faz uma prostituta, está dentro do contexto. Não tem apelação”, frisa.

Sair da zona de conforto, para a atriz, é desafiador. “Tenho buscado me renovar. É simples se acomodar e esperar os mesmos papéis. Mas não é isso que eu quero. Fazer a mocinha, ao contrário do que muita gente pensa, não é fácil. Mas um novo desafio é muito bom”, conta Paolla, que, para surgir exposta em rede nacional, garante não ter feito sacrifícios. O corpaço que Deus lhe deu é resultado também de um cuidado a longo prazo: “São 12 anos de preparação. Acertei a mão nos exercícios e no que comer, então continuo fazendo as mesmas coisas. Malho três vezes na semana.”

Na trama, Denise é procurada por Marília (Maria Fernanda Cândido) e Cláudio (Enrique Diaz), que sofrem com um casamento de fachada. Para reacenderem a chama, eles recorrem à terapia de casal e descobrem uma fantasia dele. Focada em reconquistar o marido, Marília topa fazer um ménage à trois. E é aí que conhecem a misteriosa Danny Bond.

Para Paolla, tudo é válido para salvar uma relação, desde que haja acordo: “Cada casal tem seus limites, desejos e tudo o que for combinado está certo. A Denise surge na vida das pessoas por insatisfação. Até que ponto você está insatisfeito para fazer isso ou aquilo? É relativo. Sou adepta de uma boa conversa.”

Paolla em uma das tantas facetas de Danny BondZé Paulo Cardeal / Rede Globo

Por ironia do destino, a atriz encarnará uma lésbica na minissérie, enquanto o marido, Joaquim Lopes, faz um homofóbico na novela ‘Império’. “Rola esse tema em casa, sim. A gente fica muito feliz com bons papéis e tabu quem cria são os outros. Discutimos nossos personagens sem preconceito”, enfatiza Paolla.

Na história, que estreia dia 26 de janeiro, cinco casais vivem de aparência, mentem, traem. Nesse conflito familiar, qualquer um pode matar e morrer. Tanto que há um crime passional. E Paolla não é a única que terá cenas de nudez. Cássia Kis Magro, aos 56 anos, surgirá com os seios à mostra. Olga, personagem dela, é uma fotógrafa atraente que gosta de ficar sozinha, mas que, ao voltar ao Brasil, se reaproxima de um grande amor, Dionísio (Perfeito Fortuna).

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“Ando dizendo que estou com 60 anos, porque estou admirando ver e poder mostrar a beleza do indivíduo. A Olga não usa sutiã porque é uma conduta dela, uma filosofia, e isso é maravilhoso. Por mim, ficaria nua. Gosto de ver a transformação do corpo.”
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