Por nicolas.satriano
Rio - Quando fecha os olhos e pensa no Natal, Fátima Bernardes é levada por suas lembranças de volta ao Méier, bairro onde passou a infância e a adolescência. Lá, ainda muito pequena, na sala da casa dos pais, ela aguardava ansiosa pela chegada dos tios que moravam em Brasília. A presença dos parentes mais distantes era o sinal infalível de que uma das épocas mais esperadas do ano havia, finalmente, chegado.
Essas são as memórias mais remotas que a jornalista e apresentadora guarda do Natal. Mas esses fragmentos — ainda bastante vivos — não são feitos apenas de imagens, mas também de cheiros. “Havia, na casa, um aroma bem característico daquelas reuniões familiares, um cheiro de frutas natalinas e das rabanadas e bolinhos de bacalhau que minha mãe costumava fazer. Eu me lembro de todos esse detalhes como se fosse hoje.”
Em janeiro%2C Fátima Bernardes saíra por 15 dias de merecidas fériasJoão Cotta / TV Globo

O vínculo com o Natal, estabelecido logo na infância, se fortaleceu à medida que o tempo passou. Essa ligação ficou mais evidente nos primeiros anos de vida de seus trigêmeos — Vinícius, Laura e Beatriz “Quando os meninos eram pequenos e eu ainda trabalhava em redação de jornal, pedia para folgar no Natal. Sempre gostei de passar essa noite com eles.”

Este ano, ela passará a data na casa da cunhada, em São Paulo. Nos anos em que escolhe ficar no Rio, a ceia é feita em casa, na companhia da família e de amigos que são de outros estados, mas que, por motivos profissionais, estão longe da família. “Jantamos bem cedo. Deixamos os doces para mais tarde.”

Além das comemorações natalinas, a aproximação dos últimos dias de dezembro também traz o inevitável balanço de tudo o que foi feito ao longo do ano. Para Fátima, 2014 marcou o momento em que o ‘Encontro’ conseguiu, de fato, justificar seu nome. “Ficamos mais ágeis e atentos a tudo o que está acontecendo e que afeta a vida de quem nos assiste. Conseguimos trazer para o programa os assuntos sobre os quais as pessoas estão conversando em casa, nas ruas, nos pontos de ônibus. Essa sintonia com o público foi ampliada e consolidada este ano.”

Fátima e Bonner com os filhosDivulgação/TV Globo

O resultado dessa aproximação é percebido por Fátima. Nas ruas, os telespectadores voltaram a abordá-la para conversar com mais frequência — reação que ela não experimentava desde os tempos do ‘Fantástico’. “Naquela época, as pessoas se sentiam mais à vontade para conversar comigo. Depois, com a minha ida para o ‘Jornal Nacional’, isso diminuiu. Houve um afastamento. O que foi uma reação natural, uma vez que o ‘JN’ tem uma imagem bem mais séria e formal. Agora, essa aproximação voltou a acontecer.”

Publicidade
Como exemplo dessa sintonia entre a pauta do ‘Encontro’ e assuntos relevantes que interessam ao público, ela cita a entrevista com a torcedora do Grêmio que agrediu, com insultos racistas, o goleiro do Santos, Aranha, e a conversa que teve com o jogador Tinga, também vítima de racismo dentro das quatro linhas. “Mas também sabemos ser leves. Podemos fazer um programa sobre comportamento, assuntos mais amenos”, explica.
Para observadores mais atentos do programa, uma mudança também ficou bastante evidente neste último ano: Fátima tem, cada vez mais, falado de suas experiências pessoais durante a discussão dos temas abordados. Novamente, tudo é uma questão de aproximação com o público. “Quero ser uma amiga para quem me assiste. Só que isso seria impossível se eu assumisse uma postura muito distanciada. Quando o contexto permite, não vejo problema nenhum em falar sobre minhas experiências”, garante.
Fátima Bernardes e William Bonner%2C programa especial de aniversário da apresentadora%2C que completa 50 anosDivulgação/TV Globo

Por falar em experiências, as próximas acontecerão fora tela: é hora de férias. Entre os dias 5 e 20 de janeiro, ela, William Bonner e os filhos, Vinícius, Laura e Beatriz, partem em direção a São Francisco e Los Angeles, duas das principais cidades da Costa Oeste dos Estados Unidos. Será uma quinzena de afastamento da rotina que, diariamente, a faz acordar às 6h. Num dia normal, em 50 minutos ela já está atravessando uma das portas de entrada do Projac. As transmissões do ‘Encontro’ costumam mantê-la na central de produção de programas de entretenimento da TV Globo até pouco depois das 13h.

A temporada de descanso — quando o programa deverá ser apresentado por Lair Rennó, Marcus Veras e Ana Furtado — chega num momento decisivo para os filhos da apresentadora, quando os três deverão escolher os rumos profissionais que pretendem seguir. Vinícius manifestou interesse por Engenharia Mecânica. Laura, por Psicologia. Já Beatriz ainda não decidiu. “É interessante, nenhum dos três jamais mencionou a possibilidade de estudar Jornalismo. Nós também não influenciamos. Eles são livres para escolher o rumo que desejam.”

Publicidade
E a trajetória profissional é algo que Fátima não pretende mudar. Principalmente quando se menciona uma antiga especulação sobre ela, ouvida com frequência cada vez maior: será que, em algum momento, a ex-apresentadora do ‘Jornal Nacional’ cruzaria a barreira que separa a realidade da ficção e se arriscaria na teledramaturgia? “Acho que não. É algo que fugiria demais do que eu sou. Além disso, neste caso específico, existe um outro fator importante: eu não sou atriz. E tenho um respeito grande demais pelo trabalho dos atores para entrar nessa atividade sem me preparar para isso.”
Os encontros matinais com Fátima, portanto, seguem garantidos.
Publicidade