Por daniela.lima
Rio - Comandante da ‘família’ Manson (um bando de psicopatas hippies que cometeu crimes como o assassinato da atriz Sharon Tate, em 1969), Charles Manson, detido até hoje na prisão de Corcoran, na Califórnia, não é um louco qualquer. Tanto pela crueldade dos crimes que praticou como por seu poder de manipulação. “Ele nunca foi insano. Tudo o que ele fez foi cuidadosamente planejado. Isso o torna pior que um monstro, para mim”, espanta-se em conversa com O DIA o jornalista norte-americano Jeff Guinn, que esmiuçou a vida do assassino na biografia ‘Manson’ (ed. Darkside, 524 págs., R$ 69). 
Charles Manson chega para seu julgamentoDivulgação


Além de resgatar fotos de infância e adolescência de Manson, Guinn rastreou todos os passos do criminoso: suas primeiras prisões, a descoberta do rock (ele sonhava ser músico) e da cultura hippie. E viu algo inusitado: muitos dos ensinamentos com os quais Manson manipulava seus ‘pupilos’ vinham do papa americano da autoajuda Dale Carnegie, autor de ‘Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas’. O criminoso frequentou um programa de palestras de Carnegie na cadeia.

Atrás das grades, ele também estudou rudimentos da Cientologia, religião adotada por astros dos EUA. “Manson era uma fraude. Não havia nada de original nas suas ‘pregações’, nem existiu sua capacidade de ler mentes, tão mitificada”, conta Guinn, que esteve com ex-integrantes da ‘família’, com a irmã do assassino e com “muita gente que passou mais de quatro décadas tentando esconder qualquer associação com ele”.

Logo que saiu o ‘Álbum Branco’ dos Beatles (1968), Manson fez uma interpretação muito livre de algumas letras — como a de ‘Helter Skelter’, que viu como uma batalha entre negros e brancos americanos. Mandou matar Sharon e o casal La Bianca para que o grupo ativista Panteras Negras levasse a culpa. Hoje, ainda na cadeia, considera-se um “preso político”.
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"Ele se achava melhor na música que os Beatles, inclusive”, diz Guinn. “Manson subvertia tudo que tocava. Creio que tenha formado a ‘família’ e persuadido-a a cometer esses crimes para honrar os EUA e sua imagem de terra de oportunidades”, revela.