Por tabata.uchoa
Rio - Lugares voltados para a veiculação de temas de amor de tom despudorado, os inferninhos são evocados, com visão estilizada, no CD e DVD ‘Cabaré’, projeto ao vivo que junta os cantores sertanejos Leonardo e Eduardo Costa.
Sem cantar em dupla desde a morte do irmão Leandro (1961 - 1998), Leonardo se afina com Eduardo Costa na interpretação de 22 músicas associadas ao brega, gênero dominante na trilha sonora dos inferninhos, sobretudo no interior do Brasil.
Leonardo (à esquerda) e Eduardo Costa cantam músicas de Waldick Soriano (1933 — 2008)%2C Moacyr Franco e Roberta Miranda em ‘Cabaré’ Fred Pontes / Sony Music / Divulgação

Em ambiente sensualizado com a presença de dançarinas, os cantores dão vozes a sucessos populares como ‘Fio de cabelo’, ‘Borbulhas de amor’ e ‘De igual para igual’, hits da dupla Chitãozinho & Xororó, do cantor Fagner e do cancioneiro autoral da cantora Roberta Miranda.

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A seleção de repertório é óbvia, com uma ou outra surpresa, como ‘Princesa’, música menos batida do repertório de Amado Batista, cantor cuja obra sempre tocou nos inferninhos de todo o Brasil. Mas tudo talvez soe como novo para gerações habituadas a ouvir o sertanejo explicitamente pop de nomes como Luan Santana e Michel Teló.
A rigor, ‘Cabaré’ reproduz, em faixas como ‘Vestido de seda’ e ‘Ainda ontem chorei de saudade’, o som que imperava no mercado sertanejo dos anos 1980 e 1990. Musicalmente, o que se ouve em ‘Cabaré’ não é muito diferente de ‘Memórias’, projeto em que a dupla César Menotti & Fabiano canta músicas dessas duas décadas. Essa fuga da modernidade pop do universo sertanejo conta ponto a favor de ‘Cabaré’. E o mérito é da produção musical feita pelo próprio Eduardo Costa em parceria com Leandro Porto e Romário Rodrigues.
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Outro acerto da gravação ao vivo é que Leonardo e Eduardo Costa cantam juntos o tempo todo. A união das vozes soa mais natural do que o cenário estilizado. ‘Cabaré’ tenta refinar o brega.