Por thiago.antunes
Rio - Uma mulher à frente do seu tempo, que enxergava o belo de forma genuína, que lutou pelas causas feministas e amou intensamente. Frida Kahlo (1907-1954) não passou despercebida: soube se impor, ganhou reconhecimento em todo o mundo e vem sendo representada pela atriz Leona Cavalli na peça ‘Frida y Diego’, em cartaz até o dia 29 de março no Teatro Maison de France.
“Ela era uma pessoa apaixonada pelas causas humanitárias, pela beleza, fez uma revolução na moda e influenciou o mundo não só pelas suas obras, mas pela sua postura como mulher, como uma feminista”, conta Leona. Ler os diários de Frida fez a atriz, que viajou para o México para ficar mais íntima da história da artista mexicana, enxergar Frida como uma mulher forte, mas, ao mesmo tempo, fragilizada pelos limites físicos.
Leona Cavalli como Frida e José Rubens Chachá como Diego RiveraDivulgação

“Visitei a casa onde ela viveu, li toda a sua biografia, seus diários, e isso me trouxe uma responsabilidade maior. Fiquei encantada com a força dela. Frida sofreu muito por conta dos problemas de saúde, mas tinha um poder de autossuperação, não se deixava abater, e transformava toda sua dor em obra. Na verdade, ela se transformou em sua própria obra”, reflete.

Publicidade
Reproduzindo textos reais, retirados de documentos originais, Leona enfatiza a preciosidade dos diálogos trocados por Frida e seu marido, Diego Rivera (1886-1957). “O texto é todo biográfico e as falas são reais. Os dois tiveram uma história de amor surpreendente. Mesmo depois de passarem um tempo afastados, Diego ficou ao lado de Frida até o final.”
Nem mesmo as puladas de cerca, o excesso de ciúmes e as brigas constantes deixaram que faltasse amor na relação de Frida e Diego. E essa união conflituosa, mas também cheia de cumplicidade, é o foco do espetáculo, que aborda o relacionamento aberto dos dois, com direito a traições consentidas ou perdoadas, doenças que fizeram Frida abortar diversas vezes e a participação do casal no movimento comunista. Até a infidelidade de Diego com a irmã de Frida é colocada na trama.
Publicidade
“Existia ali uma relação de paixão, um amor intenso, muita lealdade, mas também teve muita traição, brigas. Ambos eram geniais, tinham uma inteligência acima do normal, e, por isso, entraram em conflitos muitas vezes”, explica Leona. Ela contracena com José Rubens Chachá na peça, que é abrilhantada por músicas ao vivo e projeções com obras dos artistas.
Há quem diga que Leona fica bem parecida com Frida quando coloca as flores na cabeça, trança os cabelos, junta as sobrancelhas e abusa do batom vermelho. A atriz admite que também viu certa semelhança.
Publicidade
“A caracterização foi muito bem feita. O figurino é de uma preciosidade, mas também não poderia ser diferente, né? Frida tinha muito apreço pela beleza”, reconhece. “Nunca tinha me achado parecida com ela, mas confesso que, quando me vi vestida com o figurino, achei. A gente sempre acaba trazendo um pouco da vida da personagem pra gente, mas eu consigo deixá-la em cena. Saio do teatro sendo a Leona mesmo.”