Por daniela.lima

Berlim - No próximo domingo, quando serão divulgados os vencedores do 65º Festival Internacional de Cinema de Berlim, grande parte das atenções estará voltada para a premiação do Urso de Prata de Melhor Atriz. A lista inclui nomes como Juliette Binoche, Nicole Kidman, Natalie Portman, Léa Seydoux e Charlotte Rampling, além da revelação Laia Costa. Todas prometem dar muito trabalho ao júri presidido pelo diretor Darren Aronofsky (‘Cisne Negro’), e que conta ainda com os atores Daniel Bruhl (‘Rush’) e Audrey Tatou (‘Amélie Poulain’). 

Charlotte RamplingReuters


Elas desfilaram pelo tapete vermelho esbanjando elegância e determinação em levar o título de melhor atriz. Já na abertura, Juliette Binoche esquentou a passarela ao exibir um vestido provocante, com decote que derreteu o gelo de uma cidade alguns graus abaixo de zero. Ela é o destaque de ‘Nadie Quiere la Noche’, da espanhola Isabel Coixet, que se passa em 1908 na Groenlândia. Juliette é Josephine Peary, burguesa destemida que larga uma vida de confortos em Park Avenue para seguir em busca do marido, um dos pioneiros no desbravamento do Polo Norte.

Já Nicole Kidman protagoniza ‘Queen of Desert’, dirigido pelo alemão Werner Herzog. A atriz encarna outro personagem real do início do século 20, a historiadora, novelista e membro do Serviço Secreto Britânico Gertrude Bell, que trocou a vida aristocrática inglesa pelo desafio de interferir na nova ordem política do Oriente Médio pós-Primeira Guerra Mundial. Nicole defende a aventureira com bravura, cercada de astros como James Franco e Robert Pattinson. Esbarra, contudo, no peso da idade ao interpretar Bell na juventude, o que foi alvo de maldosos comentários na Berlinale.

Não é o caso da francesa Léa Seydoux, que entrega a agressiva sensualidade à jovem camareira de ‘Journal d’une Femme de Chambre’, de Benoit Jacquot, inspirado no clássico homônimo de Octave Mirabeau. Sua composição da serviçal vítima das perversidades da burguesia europeia de fins do século 19 não é ingênua nem passiva.

A lista de grandes atrizes conta ainda com os nomes de Charlotte Rampling (ver quadro abaixo), Natalie Porteman e Laia Costa. Natalie tem uma atuação discreta, porém de grande intensidade, na mais recente viagem existencial do diretor Terence Malick, vencedor de Cannes em 2012 com ‘A Árvore da Vida’. Exibido na mostra Competitiva, ‘Knight of Cups’ traz a atriz ao lado de Christian Bale.

Correndo por fora aparece Laia Costa, a jovem espanhola que se aventura na noite berlinense em ‘Victoria’, filme de duas horas e 20 rodado num único plano e em 22 locações. Laia dá veracidade ao esforço da equipe com uma atuação pavimentada pelo improviso. Mesmo num cenário de tantas estrelas, sua vitória, com trocadilho, não seria uma surpresa. 

‘A Que Horas Ela Chega?’ repete boa recepção de Sundance

Mesmo fora da Competitiva, o Brasil e suas atrizes também se destacaram no Festival de Berlim. ‘A Que Horas Ela Chega?’, de Anna Muylaert, confirmou a ótima recepção do recém-encerrado Festival de Cinema de Sundance, de onde o longa saiu com prêmios para Regina Casé e Camila Márdila. Na Alemanha, a reação ao filme, exibido na Mostra Panorama, a segunda mais importante depois da Competitiva, não foi diferente. Segundo a revista ‘Hollywood Reporter’, no “poderoso drama” de Muylaert, os atores, sem exceção, estão ótimos, mas “Casé, uma estrela no Brasil, brilha acima de todos”.

ABRAÇO DO URSO

As jovens que a perdoem, mas experiência é fundamental. No papel de uma senhora às vésperas de comemorar 45 anos de casamento, Charlotte Rampling é a mais cotada a receber o Urso de Ouro de Melhor Atriz. Em ‘45 Years’, do inglês Andrew Haigh, ela interpreta Kate, mulher madura cujo casamento é abalado por um fantasma do passado. Cabe à atriz traduzir o sentimento de dor e conformidade de uma mulher dividida entre ressentimento e perdão. Merece o abraço do Urso.

Reportagem: Ricardo Cota

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