Por roberta.campos

Rio - Diz-se por aí que a crise é grave. Não para o Biquini Cavadão, que, tendo como efeméride seu primeiro show no Circo Voador em 1985, completa amanhã 30 anos lotando espaços, fazendo turnês extensas e lançando o terceiro DVD, ‘Me Leve Sem Destino’.

“Cara, nossa pior crise foi em 1994. Ficamos sem gravadora e vimos que elas davam um aceno de adeus para nós. Nossos ensaios viraram terapia ocupacional”, lembra, nada saudoso, o vocalista Bruno Gouvêia. “Tentamos colocar uma faixa multimídia no disco ‘Agora’ (1994), e a gravadora não deixou. Depois veio o Barão Vermelho e fez isso no disco ‘Álbum’ (1996), e teve todas as atenções dos jornalistas.”

‘Me Leve Sem Destino’ marca a volta de Bruno, Carlos Coelho (guitarra), Alvaro Birita (bateria) e Miguel Flores (teclados) para a Sony — mesma gravadora pela qual lançaram o famigerado ‘Agora’. “Mas as circunstâncias são outras. Desde 2007, somos independentes e licenciamos nossos discos”, diz Bruno. O novo DVD saiu do bolso do grupo. “Não conseguimos entrar nessas leis de incentivo. E não queríamos acabar fazendo o DVD de 31 ou 32 anos.”

Coelho (E)%2C Bruno%2C Birita e Miguel%3A mapeando o Brasil nos DVDsDivulgação

O repertório do DVD inclui hits como ‘Tédio’ (em duas versões, uma delas igual à do primeiro compacto, de 1985, com o clipe original dirigido por Billy Bond, ao fundo), ‘Vento Ventania’, ‘Zé Ninguém’, as recentes ‘Roda Gigante’ e ‘Quanto Tempo Demora Um Mês’. O registro foi feito em Goiânia — nos outros dois DVDs, gravaram no Ceará e no Rio.


“Não se trata de jogar War, mas quisemos mapear um pouco o Brasil”, brinca o vocalista, até hoje surpreendendo admiradores de sons mais pesados. “Já aconteceu de um cara chegar para nós num festival e falar: ‘Pô, vim aqui ver o Charlie Brown Jr. e achava vocês uma bosta. Depois de hoje, passei a gostar’. O que nos motiva é o prazer de subir no palco. O melhor show é o próximo.”

A tristeza pela morte do filho Gabriel, então com 2 anos, num acidente de helicóptero em 2011, não foi superada, mas foi assimilada. “Quando ele morreu, pensava: ‘O que faço com esse amor que tenho por ele?’ Meus amigos e familiares me ajudaram a passar por isso”, diz o cantor, que teve uma filha ano passado, Letícia, com a mulher, Izabella Brant, cantora da banda Menina do Céu. “A Letícia tem um anjo da guarda especial. Acredito nisso. Quando ela toma um tombo e levanta, falo sempre: ‘Gabriel, você tá aí, né?’”, diz.

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