Por nicolas.satriano
‘Redenção de um Cafajeste’ da editora RoccoDivulgação

Rio - Foi-se o tempo em que se precisava de um nickname e uma sala de bate-papo para falar abertamente de sexo na internet. Esqueça de vez aquela época da Gatinha84 ou o SaradinhoRJ. Longe dos chats e dos sites que ofertam inúmeros vídeos pornográficos diariamente, uma nova indústria tem crescido e conquistado uma gama de leitores carentes de conteúdo erótico, que não têm como objetivo principal a excitação e o prazer: são os sites e blogs que falam de sexo traduzido em romances ou com o foco em esclarecer dúvidas dos leitores.

Foi divulgando seus textos eróticos na internet que Janaína, com seu pseudônimo Nana Pauvolih, vislumbrou um futuro longe das salas de aula. Ex-professora de História, Janaína começou com seus conteúdos picantes online em 2012 e, por conta do sucesso, acaba de lançar seu 18º livro, ‘Redenção de um Cafajeste’ (ed. Rocco, 560 págs, R$ 39,50). A princípio, o livro parece uma publicação importada, por conta da sua encadernação, mas surpreende logo na primeira página, quando a protagonista aparece cochilando num trem para Japeri.

“Comecei a escrever contos eróticos aos 15 anos e tinha tudo guardado em casa. Até que coloquei na internet como experiência e me surpreendi. No início, postava no site de uma amiga. Ela me contou que, antes de eu publicar meus textos, o site tinha 500 visitas por dia. Depois dos meus textos, essas visitas aumentaram para três mil”, conta Janaína, 40 anos, moradora de Nilópolis, na Baixada Fluminense. Pelos seus livros digitais, a escritora chegou a receber da Amazon R$ 22 mil em um único mês.

Certa de que as mulheres são as principais leitoras dos conteúdos eróticos, Janaína justifica o interesse feminino pela busca do aperfeiçoamento e fantasias.

“As mulheres gostam do que eu escrevo porque tem sempre um romance, uma história envolvendo os personagens, não é pornografia gratuita. É como se eu criasse um romance e abrisse a porta do quarto para elas verem o sexo acontecendo. Elas ficam excitadas porque escrevo tudo detalhadamente. Eu escrevo romance erótico, se quiser água com açúcar tem que ler outro autor”, brinca ela, que admite que o famoso ‘50 Tons de Cinza’ abriu portas para esse tipo de linguagem. “Já existiam muitos livros eróticos, mas parece que ‘50 Tons’ legalizou esse gênero. Até as editoras ficaram mais abertas para bancar esse tipo de literatura”, avalia Janaína, que, pasmem!, só teve dois parceiros (sexualmente falando).

Eme Viegas, 32 anos, também usou a ferramenta da web a seu favor. E, é claro, suas experiências sexuais. Junto com a namorada, Jaque Barbosa, 26, Eme criou o site ‘Casal Sem Vergonha’, onde aborda temas como sexo e relacionamento de uma forma geral.

“O tema que mais bomba é sexo. Mas temos um diferencial, não falamos de sexo como a maioria dessas revistas femininas fala. Nossa linha editorial é derrubar preconceitos, crenças e vergonhas que, muitas vezes, nos travam. Escrevemos tudo em prol da felicidade das pessoas”, garante Eme, que se prepara para lançar, no próximo dia 6, o livro ‘Mulheres Boas de Cama’, um guia prático para a mulher revolucionar sua vida sexual. Em seu site, Eme coleciona 12 milhões de leitores e, no ano passado, arrecadou quase R$ 1 milhão com seu conteúdo.

“A internet é ótima para falar de sexo, porque se tem o anonimato para quem tem vergonha de falar sobre isso. Lá, as pessoas podem comentar, fazer perguntas”, acredita Eme.

“As mulheres se interessam muito pelo sexo anal e gostam mais quando coloco homens mais cafajestes nos textos. Tive uma leitora de 60 anos que falava feliz da vida que podia ler os contos pornográficos na internet e a família nem desconfiava”, entrega Janaína.

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