Por daniela.lima
Em 2015%2C o Fashion Rio acontecerá somente em agostoDivulgação

Rio - O cancelamento da edição de verão 2015/2016 do Fashion Rio (a de inverno 2015 também foi ‘pulada’), que aconteceria em abril, colocou a semana de moda carioca mais uma vez na berlinda. A decisão, tomada pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e pelo Fórum Empresarial de Moda da entidade, e a ida para a São Paulo Fashion Week de grifes icônicas da cidade, como Salinas e Lenny Niemeyer, vêm gerando dúvidas sobre o futuro da moda carioca e do evento, dirigido pela Luminosidade, de Paulo Borges. Paralelamente, Eloysa Simão — que até 2009 esteve à frente do Fashion Rio — anunciou esta semana a realização de uma edição especial do Salão Bossa Nova em maio, para homenagear os 450 anos da cidade.

Em nota, a Firjan afirma que “está em estudo um novo formato para o Fashion Rio, mais competitivo para as empresas, mais adequado aos novos modelos de negócios da cadeia de moda e que esteja alinhado à vocação criativa do Rio. A nova edição do Fashion Rio está prevista para agosto e em breve será anunciado o curador do evento.”

Estilistas participantes do Fórum Empresarial da Firjan — como Lenny Niemeyer, Jacqueline de Biase, Sharon Azulay, da Blue Man, Alessa Migani e Andrea Marques —, que estão reformulando a semana de moda carioca sob o comando de Oskar Metsavaht, da Osklen, garantem haver luz no fim desse túnel. “O Fashion Rio não morreu, e vem novidade por aí”, diz Jacqueline de Biase, que desfila sua coleção, pela primeira vez, na São Paulo Fashion Week, que acontece de 13 a 17 de abril. “Todo mundo reclamava do conteúdo, jornalistas falavam que era mais do mesmo. Parou-se, então, para pensar. Estamos definindo um novo conceito”, emenda ela. Lenny endossa: “A ideia é fazer um evento associando moda à música e à arte, com formato mais leve, ao ar livre.”

Alessa Migani complementa: “Existe uma vontade de melhorar, o Fashion Rio estava enfraquecido, era a última semana de moda, depois de Minas e de São Paulo. O Rio tem que ditar tendência, e um evento mais convidativo culturalmente pode ser muito bacana”, defende ela. “Mas falta também uma pessoa que personalize a moda do Rio de Janeiro, que arregace as mangas para que as coisas aconteçam aqui, que tome conta da marca da moda do Rio”, pondera a estilista.

Apesar de o novo formato ainda não ter sido cravado, o mais provável é que o Fashion Rio se torne um evento voltado para o varejo. Desta maneira, não competiria com São Paulo, já que aconteceria em outro período, e atrairia público, jornalistas e patrocinadores, que não teriam que escolher entre as duas semanas de moda. Existe também a ideia — divulgada em várias entrevistas por Paulo Borges — de transformar o Rio numa plataforma de lançamentos de beachwear e resort. Mas nada foi confirmado.


Se a necessidade de mudança é uma unanimidade, a demora para isso se concretizar tem deixado parte dos estilistas e empresários da moda carioca descontentes e preocupados em como esse esvaziamento vai ser refletido nas vendas, em um ano de economia frágil. Comenta-se também que o adiamento — até Paulo Borges teria sido avisado do cancelamento em cima da hora — deveria ter sido comunicado no ano passado, para que outras produtoras pudessem se habilitar a preencher este espaço.

BOSSA NOVA NOS 450 ANOS

Um evento de moda para celebrar os 450 anos do Rio de Janeiro. A edição especial do Salão Bossa Nova — que tem apoio do Patrimônio Histórico da Cidade — vai traçar um roteiro afetivo do Rio, usando como cenário pontos emblemáticos como a Praça Paris e o Campo de Santana. “Aconteceria só no segundo semestre, mas antecipamos para maio por conta da ausência de um evento de moda. Vão ser desfiles, instalações e happenings, além de um salão de negócios”, explica Eloysa Simão, sem revelar ainda as marcas participantes.

O evento conta com a colaboração do presidente do Conselho Municipal da Moda, Carlos Tufvesson. “As reuniões do conselho começaram no fim do ano passado. Estávamos planejando um evento que ressaltasse as diversas expressões do design carioca para o segundo semestre. Com o cancelamento da edição de verão do Fashion Rio, tudo mudou”, diz Tufvesson. “Sou um amante da moda carioca, vi essa moda ser criada no Brasil, o ‘made in Rio’ era mais forte do que tudo. A cidade não pode abrir mão de ser um polo lançador, e essa é a minha contribuição para a moda. Tem que ter um entendimento da importância destes eventos”, afirma Tufvesson.

Também está prevista para acontecer na Cidade Maravilhosa a primeira edição do Fenin Fashion Rio, da Fenin Feiras — que já organiza eventos em São Paulo e no Rio Grande do Sul.

A data anunciada é de 28 a 30 de julho, no Riocentro, na Barra da Tijuca.

ELAS SÃO CARIOCAS

Três marcas que traduzem o estilo carioca — Lenny Niemeyer, Isabela Capeto e Salinas — vão participar da edição de primavera-verão 2015/2016 da São Paulo Fashion Week (no line-up do evento estão também outras grifes do Rio, como Osklen, Sacada, Animale e Patricia Viera, e marcas que tradicionalmente desfilavam no Fashion Rio, como TNG e Acquastudio).

Lenny confessa estar sentindo um certo frio na barriga. “Dá uma pontinha de nervoso, minha estrutura está toda aqui”, diz ela, que desfilou na semana de moda paulista apenas uma vez, há 15 anos. “O tema da coleção é Carnaval. Mas o meu Carnaval é minimalista, não tem brilho e vem com poucas cores e estampas”, revela Lenny, que desfila dia 16 de abril. Jacqueline se prepara para sua primeira vez na SPFW, no dia 15. “Nossa identidade é muito forte, e nosso público, jovem. Não vou fazer um estilo mais paulista, vamos bem cariocas, como sempre fomos”, diz ela, antecipando apenas uma pista sobre a coleção: “Tem um perfume do oriente.”


Já Isabela Capeto comemora o regresso às passarelas, no caso, a da São Paulo Fashion Week, onde ela já rodopiou mais de uma vez. “Vou fazer uma apresentação bem pequena, para apenas 60 pessoas, no dia 15, na parte da manhã. A coleção está fiel ao meu DNA: tem roupa trabalhada, superfeminina, babados, e muito vestido e saia”, conta a estilista, revelando o tema. “Me inspirei no Rio de Janeiro, tem essa coisa da praia, da cor do sol.”

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