Por daniela.lima
Johnny frequentou cemitérios e deixou as unhas cresceremDivulgação

Rio -  A luz deu lugar à escuridão. As paisagens iluminadas e coloridas, a becos sombrios e pouco convidativos. E o aspecto divertido e cartunesco, ao semblante lúgubre e soturno. Em muito pouco tempo, Johnny Massaro passou de um extremo a outro da dramaturgia e da ambientação. Pelo menos em termos estéticos. Pois se o Ferdinando de ‘Meu Pedacinho de Chão’ era solar e multicolorido, o Gabriel de ‘Amorteamo’ — série em cinco capítulos que mistura doses de melodrama e realismo fantástico e que irá ao ar a partir do dia 8 de maio pela TV Globo —, se veste em trajes negros e possui uma aparência triste. O jovem carrega a morte no sangue e tem a vida tocada pelo sobrenatural quando Malvina, — mulher que estava destinada a ser sua noiva e é vivida por Marina Ruy Barbosa —, retorna dos mortos para ficar ao seu lado.

“É impressionante como esses dois universos são diferentes. Como ator, é uma oportunidade fantástica viver personagens que me exigem habilidades diversas”, avaliou Johnny Massaro, durante o lançamento da série.

No contexto que envolve os personagens da atração é obscuro. Logo, a preparação para viver Gabriel provocou algumas ações inusitadas para Massaro — durante algumas semanas, ele podia ser visto em cemitérios da cidade. Além disso, teve que entrar em contato direto com um dos principais representantes da literatura pré-modernista brasileira.

“A Flávia (Lacerda, diretora de ‘Amorteamo’) me emprestou um exemplar de quase 100 anos de ‘Eu’, de Augusto dos Anjos, . Ler toda a dor e melancolia presentes naqueles versos foi fundamental para eu criar esse personagem”, avalia.

Na trama, que se passa na Recife do início do século XX, por uma série de circunstâncias Gabriel é obrigado a se casar com Malvina. No entanto, ele a abandona no dia do matrimônio. Infeliz, ela se mata. Sentindo grande remorso, a desenterra e a leva de volta para casa. A jovem então ressuscita, assim como outros personagens que haviam morrido na cidade, o que vai provocar uma série de acontecimentos sombrios.

A criação do personagem também levou o ator a tomar uma decisão que envolvia seu próprio corpo. “Quando pensei no visual do Gabriel, cheguei à conclusão de que ele deveria ter as unhas grande. Estou há quase dois meses sem cortá-las. O cemitério é um habitat para ele, uma segunda casa. A morte não o assusta. Neste sentido, ele me ensina e eu me reconheço nele. O Gabriel percebe que a morte faz parte da vida”, conclui.

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