Por tabata.uchoa

Rio - Há um espaço cinzento entre a ficção e o jornalismo — um lugar , na verdade um estilo literário, chamado crônica. Curta por natureza, e sempre recebida com ressalvas por meio da crítica, é por meio dela que os leitores conseguem enxergar detalhes da cidade que, quase sempre, parecem invisíveis.

Nele, nomes como João do Rio, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga descreveram minúcias, pessoas, comportamentos, locais, traições, amores e lembranças que formam uma espécie de radiografia detalhada das ruas. E é nesse campo que Marcelo Moutinho — após o lançamento de quatro livros, três de contos e um infantil — começará a jogar a partir da próxima terça, às 19h, na Livraria da Travessa em Botafogo, quando ‘Na Dobra do Dia’ (Editora Rocco, 232 págs., R$ 34,50) for lançado.

Marcelo Moutinho%3A contato direto com a vida da cidade para poder descrever seus personagensDivulgação / Leo Aversa

“Sempre gostei e li muitas crônicas, que costumavam ser comuns em jornais e revistas. Hoje em dia, esse tipo de leitura migrou quase que totalmente para o meio virtual”, explica Moutinho. Dentro dessa realidade descrita pelo escritor, muitos dos textos que compõem ‘Na Dobra do Dia’ vieram do site ‘Vida Breve’, no qual ele e outros escritores exercitam a arte das formas curtas, sejam crônicas ou contos.

Os textos de Moutinho são ambientados no Rio de Janeiro. A partir desse cenário geográfico, ele mergulha tanto em viagens sentimentais, que remetem às lembranças da infância no subúrbio da cidade, quanto na observação de personagens anônimos da metrópole, como o homem que mexe os braços de força ritmada e intensa, no cruzamento da Rua Mem de Sá com Avenida Gomes Freire, na Lapa. “Isso me instigou. O livro consegue ser pessoal e familiar e também voltar os olhos para a cidade.”

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