Por daniela.lima

Olinda, Pernambuco - De formal, o diretor britânico John Madden só tinha o terno que usava durante a abertura da 19ª edição do Cine PE, na noite do último sábado. Recém-chegado ao Brasil para apresentar ‘O Exótico Hotel Marigold 2’, ele mostra que não é só no roteiro de seu novo filme que choques culturais o interessam. Se em sua nova comédia dramática idosos britânicos se redescobrem em meio a costumes indianos, ele também tenta fazer o mesmo por onde passa. “Há pouco estive na Arábia Saudita e o filme foi superbem recebido pelo pessoal de lá”, comenta ele. 

Maggie Smith interpreta a gerente do hotel%2C que recebe o novo hóspede Guy Chambers (Richard Gere)Divulgação


Talvez a fórmula do sucesso venha da curiosidade do britânico em desvendar tudo o que vê em sua volta. Por aqui, não é diferente. Hospedado em um hotel internacional de luxo, em Recife, o diretor pediu transferência para um hotel menor, estilo pousada, em Olinda, onde a imprensa e a equipe do festival estavam instaladas. Fora as caminhadas diárias que tem feito para conhecer tanto Recife quanto Olinda.

“Estive no Brasil há cerca de 15 anos, no Festival do Rio. Foi logo depois da consagração de ‘Shakespeare Apaixonado’ (vencedor na categoria Melhor Direção, do Oscar de 1998). Tento voltar desde então”, lembra-se. “Meu filho passou oito meses em Fortaleza há uns anos. Ele veio fazer trabalhos voluntários e aprender a falar português. Mas não me deixava visitá-lo, queria ficar longe dos pais”, conta, rindo da situação.

Para dar continuidade ao ‘O Exótico Hotel Marigold’, de 2011, a estratégia de Madden foi a mesma: pesquisar os costumes indianos até achar a história para o novo longa. “Percebi que, na maioria dos casamentos de jovens indianos, eles usam Bollywood (indústria cinematográfica da Índia) como inspiração. Ensaiam os números musicais dos filmes de lá e, o que me chamou mais atenção, as cerimônias são filmadas e decupadas, como se fossem uma história bollywoodiana”, diz o diretor que, a partir daí, achou o caminho para criar a sequência.

Na trama, Sonny, um jovem proprietário de um hotel na Índia (Dev Patel), fica atormentado com a visita do homem que acredita ser o avaliador de possíveis investidores de seu negócio (Richard Gere). Enquanto isso, seus hóspedes — todos idosos britânicos — se dividem entre dramas pessoais e os preparativos para o casamento de Sonny.

“Não é um retrato exato do que esperamos da representação de pessoas mais velhas. Acho que isso é um trunfo também. Os atores (Judi Dench, Maggie Smith, Bill Nighy, Celia Imrie e Ronald Pickup) já se conheciam de outros trabalhos e do primeiro filme, que foi uma experiência de convívio muito forte. Então, todos encararam voltar em cena na sequência.

Além do elenco original, Richard Gere entra para esse time, proporcionando piadas durante o longa, e levando todo o público presente na exibição, no Cinema São Luiz, às gargalhadas. “Até um heterossexual convicto como eu fica na dúvida quando vê um cara desses”, diz Patel em cena, sobre o personagem de Richard Gere.

“Normalmente, em casos de grandes produções, a tendência é que as pessoas procurem uma grande estrela hollywoodiana para atuar. Mas não foi o nosso caso com o Richard. Ele preenchia características que o papel pedia. Ele tem essa coisa do charme, que, é óbvio, ajudaria que se destacasse entre o elenco. Outro ponto é que eu e ele temos uma relação antiga. Já vínhamos falando em trabalhar juntos há um tempo, mas nunca deu para encaixar as agendas, como agora. Richard é fã do primeiro filme. Então, quando recebeu o roteiro do segundo, topou participar de cara”, explica.

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