Por daniela.lima

Rio - Mais do que escritor essencial da literatura brasileira do século XX, Graciliano Ramos foi uma personalidade marcante da história social e política do país. Além de homem de letras, foi comunista militante, prefeito, preso político e, como ninguém é de ferro, mulherengo contumaz. 

Vida de Graciliano Ramos é contada em documentário de Sylvio BackReprodução Internet

‘O Universo Graciliano’, dirigido pelo cineasta tarimbado Sylvio Back, em exibição exclusiva no Cine Joia, em Copacabana, traça um rasante pela memória do alagoano autor de ‘Caetés’, ‘Angústia’, ‘Vidas Secas’ e ‘Memórias do Cárcere’. Trata-se do primeiro filme sobre a vida e a obra de Graciliano, com depoimentos de familiares, amigos e companheiros de partido, como o arquiteto Oscar Niemeyer.

O foco do documentário, resultado de extensa pesquisa e exaustivo trabalho de entrevistas, é buscar a dimensão humana de Graciliano. Na tela, o que se vê é o retrato de um homem áspero, disciplinado, rigoroso com suas contradições e altamente seletivo em suas afetividades. Como bem observa o jornalista Gilberto Paim, Graciliano era um “comunista disciplinado”. Mesmo odiando Getúlio, que certa vez Graciliano confessou querer cravar com seu inseparável punhal, não se negava a escrever uma carta de apoio ao ditador, desde que o pedido partisse da direção central do PCB.

Mas a ideia de disciplina não se confundia jamais com servilismo. Graciliano era um inimigo ferrenho da aplicação do “realismo-socialista” nas artes e jamais escondeu seu desapontamento ao voltar de uma viagem à Rússia, em cujo percurso foi escoltado por um espião. Por outro lado, era contra a liberdade de imprensa e chorou pela morte de Stalin. Outros tempos, que ‘O Universo Graciliano’, de visão ampla e generosa, procura documentar sem julgar. Obrigatório para entender o Brasil.

AÇÃO!
*Hoje, a partir das 19h, na Caixa Cultural, acontece debate em torno da obra de Carlos Reichenbach, com a presença do cineasta Daniel Caetano e dos críticos Leonardo Ferreira e Mario Abbade. O evento faz parte da mostra dedicada ao grande cineasta paulista que permanece em cartaz na Caixa que segue até o dia 17. A Caixa Cultural fica na Avenida Almirante Barroso, 25.

*O Centro Cultural Banco do Brasil dá início hoje à mostra Dogma 95, com 16 longas do movimento cinematográfico dinamarquês que fez história ao estabelecer parâmetros radicais, como a ausência de iluminação artificial e filtros fotográficos, nos anos 90. Dentre os destaques, ‘Ondas do Destino’, de Lars Von Trier, e ‘Festa de Família’, de Thomas Vinterberg. O endereço do CCBB é Rua Primeiro de Março, 66.

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