Por victor.duarte

Rio - É sintomático que o 33º álbum da discografia solo de Gal Costa, ‘Estratosférica’, seja aberto com um rock, ‘Sem medo nem esperança’ (de Arthur Nogueira e Antonio Cícero), que afirma a crença e a força do momento presente. Em ‘Estratosférica’, disco produzido por Moreno Veloso e Kassin sob a direção artística de Marcus Preto, Gal foca o presente, expandindo o diálogo com a cena pop contemporânea que começou a travar em ‘Recanto’, renovador álbum de 2011.

Se ‘Recanto’ foi CD arquitetado por Caetano Veloso, ‘Estratosférica’ existe por conta das conexões de Marcus Preto, responsável pela reunião do repertório inédito assinado por nomes como Céu, Jonas Sá, Criolo, Thalma de Freitas e Mallu Magalhães — nomes inéditos na voz de Gal. Musicalmente, ‘Estratosférica’ evita a trilha radical de ‘Recanto’. A dose de eletrônica é menor, embora sons sintetizados por Kassin estejam entranhados em todo o disco.

Gal canta músicas de Criolo%2C Lirinha%2C Jonas Sá%2C Mallu Magalhães e Zeca Veloso no álbum 'Estratosférica'Bob Wolfenson / Divulgação da Capa do CD 'Estratosférica'

O sotaque é mais pop e permite que um acalanto romântico como ‘Amor, se acalme’ (Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Cezar Mendes) se harmonize no repertório com ‘Dez anjos’, pico de inquietude do cancioneiro. A letra de Criolo versa sobre tensões sociais em sintonia com uma das mais inspiradas melodias criadas por Milton Nascimento nos últimos anos.

A alta qualidade do repertório contribui decisivamente para a grandeza de ‘Estratosférica’. A psicodelia romântica de ‘Jabitacá’ (Lira, Junio Barreto e Bactéria), a levada ‘donatiana’ de ‘Ecstasy’ (feita por Thalma de Freitas a partir de harmonia de João Donato), a pacificidade amorosa de ‘Espelho d’água’ (Marcelo Camelo e Thiago Camelo) e a verve de ‘Por baixo’ (Tom Zé, em estado de graça) são irmanadas pela voz ainda cristalina de Gal em ‘Estratosférica’. O regionalismo pop da faixa-título (Céu, Pupillo e Junio Barreto) reitera o vigor de CD que faz a cantora avançar. Gal volta ao disco com força na peruca.

CD FESTEJA DÉCADA DO SAMBA DO TRABALHADOR

Faz dez anos que, em 29 de maio de 2005, o cantor e compositor carioca Moacyr Luz inaugurou o Samba do Trabalhador no clube Renascença, no Andaraí. Decorridos uma década daquela tímida inauguração, testemunhada por cerca de 50 pessoas, o Samba do Trabalhador já virou instituição que movimenta multidões nas tardes das segundas-feiras cariocas. O CD ‘10 anos & outros sambas’, assinado por Moacyr Luz & Samba do Trabalhador, chega ao mercado fonográfico neste mês de maio de 2015 para celebrar essa década de consagração nacional.

Moacyr Luz põe parcerias com Sereno e Luiz Carlos da Vila (1949-2008) no CD '10 anos %26 outros sambas'Reprodução Facebook

Trata-se do terceiro disco derivado do evento. Produzido pelo próprio Moacyr Luz, ‘10 anos & outros sambas’ alinha 12 sambas no repertório. Onze têm a assinatura de Luz (a exceção é ‘Se parasse de chover’, de autoria de Mingo Silva e Anderson Baiaco). Nove são inéditos, mostrando que um dos méritos do Samba do Trabalhador é promover a renovação do repertório produzido e cantado nos quintais cariocas.

“Segunda-feira é das almas / É bom também de sambar / Tem uma vela pro santo / A outra é pra vadiar”, sentencia o refrão de ‘A reza do samba’, o contagiante samba que abre o disco, protagonizado por Moacyr Luz, mas coadjuvado por bambas ainda desconhecidos fora das rodas, caso de Álvaro Santos, cantor e compositor representado no CD por ‘Cria do samba’, tema que assina em parceria com Luz e Mingo Silva.
Como é praxe nos quintais cariocas, os sambas do evento não raro versam sobre o próprio samba.

Exemplos dessa temática autorreferente estão explicitados em ‘No compasso do samba’ (Sereno e Moacyr Luz) — um dos sambas mais belos do disco — e ‘Samba de fato’, parceria de Luz com o poeta Paulo César Pinheiro.
A roda tem repertório de alto nível. ‘Anjo vagabundo’, parceria de Moacyr Luz com Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008), reitera a força da inspiração que rege o samba do trabalhador. O santo é forte!

Cantor mexicano Marco Antonio Solís e o 'Rei' Roberto CarlosDivulgação

'REI' GRAVA COM MEXICANO
Roberto Carlos gravou nos estúdios Abbey Road, em Londres, o CD e DVD ‘Primera fila’, voltado para o mercado de língua hispânica. O cantor mexicano Marco Antonio Solís fez duo com o ‘Rei’ na música ‘Arrastra una silla’ (2005).

DENIS DJ PÔE BLOCO EM DVD
Dennis DJ vai gravar seu primeiro DVD no sábado, em show na casa Vivo Rio. Buchecha e Monobloco vão participar da gravação. O funkeiro entra em cena na música ‘Santinha’. Já o Monobloco se junta a Dennis na música ‘Carol’.

SAULO RECEBE ROBERTO
Roberto Mendes (ao centro) participa do segundo CD solo do cantor Saulo, ‘Baiuno’. O compositor baiano é o convidado da faixa ‘Floresça’. O produtor Munir Hossn (à direita) figura na música ‘Povoesia’. O disco ‘Baiuno’ já está pronto.

*** DISCOTECA ***

Canção Americana (Ultimate Sinatra - Frank Sinatra)
Embora tenha sido editada de forma simplificada no Brasil, a coletânea comemorativa do centenário de nascimento do cantor norte-americano reúne 25 gravações que atestam o talen>to vocal ímpar de Frank Sinatra (1915-1998). Mesmo com um CD em vez de quatro (como no exterior), a compilação traz joias como ‘My way’, ‘All the way’ e ‘Fly me to the moon’. É luxo só!

Tecnobrega (Tá todo mundo tremendo - Gang do Eletro)
O quarteto paraense arrisca até tema romântico mais brega do que tecno, ‘Esperança’, no seu coeso segundo álbum. Com meros 27 minutos, ‘Todo mundo tá tremendo’ imprime tom pop ao tecnobrega da Gang. O grupo atualiza clássico do gênero, ‘Dig don (Não vou mais chorar)’, e apresenta músicas dançantes como ‘Na onda do movimento’.

Música Eletrônica (Zambê - Donatinho)
O tecladista lança azeitado álbum solo em que ritmos brasileiros (do Sudeste, Nordeste e Norte) são passados pelo filtro da eletrônica. Como não é cantor, Donatinho recruta solistas como Rita Benneditto, que faz sua tecnomacumba em ‘Janaína’ (faixa da qual é coautora). O destaque do repertório inédito e autoral é ‘Ladeira do samba’, parceria com Maria Joana.

Folk (Chaos and the calm - James Bay)
O primeiro álbum do artista britânico confirma Bay como uma das gratas surpresas do universo pop neste ano de 2015. Além de soar inspirada, destacando músicas como ‘Craving’ e ‘Hold back the river’ (de refrão forte), a safra autoral do cantor e compositor foi bem formatada pelo produtor Jacquire King. O folk pop de Bay é encorpado com toques de rock e gospel. Belo CD!

Pop Adolescente (Handwritten - Shawn Mendes)
Aos 16 anos, o cantor canadense é candidato ao posto de novo queridinho do universo adolescente. Mas Mendes vai além da cartilha ‘teen’ neste primeiro álbum. ‘Handwritten’ transita entre baladas como ‘Life of the party’ (música que projetou o garoto) e faixas de maior animação pop, caso de ‘Something big’. Produção é convencional.

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