Por daniela.lima

Rio - Através de um vasto material de arquivo, a trajetória musical do intérprete de ‘Conceição’ é apresentada em ‘Cauby — Começaria Tudo Outra Vez’. Quem é fã pode cantar junto com o ídolo. Quem não é, consegue entender os altos e baixos de uma carreira de mais de sete décadas. O carisma do personagem é evidente. Mas quem é Cauby além do cantor de visual exótico mostrado no documentário de Nelson Hoineff? 

Cantor Cauby Peixoto ganha documentário dirigido por Nelson HoineffReprodução Internet


Há poucos momentos em que o lado intimo do artista é explorado. Na maioria das vezes que ele dá um depoimento, a câmera insiste em closes ou apenas o filma de costas. Exceto no momento em que Cauby fala abertamente sobre sua sexualidade e conta que já transou com homens. No mais, o longa se limita a outros depoimentos — de fãs, artistas e especialistas — pouco explorados na montagem.

A sensação que fica é que boas ideias se perderam na prática. Logo na primeira cena, conhecemos um adolescente de 15 anos, obcecado por Cauby. Visto que todos os outros fãs retratados são bem mais velhos, ele se torna um contraponto interessante. Pena que a forma escolhida para mostrar sua devoção soe tão superficial e encenada. 


Mas, além do roteiro de montagem equivocado, o Calcanhar de Aquiles da produção é sem dúvidas a sua qualidade técnica. É sempre complicado trabalhar com grande volume de imagens de arquivo, visto que cada vídeo apresenta um formato e estado de preservação diferente. É preciso estabelecer um limite mínimo do que exibir em um telão pra não parecer tecnicamente amador.

No fim das contas, ‘Cauby — Começaria Tudo Outra Vez’ se sustenta mais pelo carisma e importância histórica de quem retrata do que como produto cinematográfico.

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