Por daniela.lima

Rio - Cabelo não é só questão de moda, tem a ver com identidade, status, poder, e, a partir de quarta-feira, com as artes plásticas também. Mas não precisa se prender apenas à sua cabeleira ou à falta dela. Entre umas madeixas e outras, ‘Força na Peruca’ ocupará a Caixa Cultural com várias obras inspiradas na expressão popular que dá título à exposição e ilustram a história do acessório fashion. 

Peruca colorida criada por Alfa SiqueiraDivulgação


“A peruca tem uma longa trajetória na história da humanidade”, dispara Christina Martins, que assina a curadoria da mostra junto a Mauro Trindade. “Na época da Revolução Francesa, por exemplo, os nobres não saíam sem elas. Com a guilhotina, suas cabeças acabaram rolando junto às perucas”, destaca ela, que reuniu em uma linha do tempo exemplares em diferentes estilos cedidos por produções teatrais.

A história é tão vasta quanto a criatividade dos 11 artistas que colocaram a mão na massa especialmente para a exposição. Anna Bella Geiger criou uma imagem egípcia, em homenagem à civilização onde a peruca nasceu, para proteger as cabeças do frio ou do sol. Já Alfa Siqueira e Jefferson Svoboda fugiram do pretinho egípcio e ousaram no colorido. 

Teve também quem, fio a fio, inventou um jogo, como Denise Araripe, ou uma corda, como Toz. No papel ou na tela, as linhas se embolaram e se transformaram em vastas cabeleiras, assinadas por Gabriela Gusmão ou por Bruno Veiga. Além de foto em técnica holográfica de Batman Zavareze e do vídeo de Denise Moraes. 

E, se já no século XVI, o rei da França, Luís XIV, lançou moda com o acessório, após a chegada de sua calvície, hoje elas continuam a ser a melhor opção para quem perde suas madeixas. “Uma prima teve câncer e lidou muito bem com isso até perder o cabelo”, lembra a curadora, que emenda: “Principalmente para a mulher, o cabelo é muito importante para a autoestima.” 

Por isso, quem passar pela mostra pode deixar uma mensagem positiva para quem está enfrentando os efeitos da quimioterapia, além de doar o próprio cabelo para a fabricação de novas perucas pela Fundação Laço Rosa — ONG mantenedora do primeiro banco do acessório no país. “É uma maneira de falar sobre o assunto de forma leve”, acredita Christina, que teve a ideia de criar a mostra depois de conhecer um projeto similar com sutiãs. 

Para completar, depois de afirmar o lado artístico, histórico e social da peruca, a exposição também abre espaço para brincadeiras. “Quem for à Caixa Cultural poderá se divertir tirando fotografias com perucas holográficas”, adianta a curadora, que confessa já estar viciada nessa brincadeira. “Já postei várias fotos com cabelo diferente no Facebook. Virou viral entre os amigos, que estão fazendo o mesmo.”

Você pode gostar