Por daniela.lima
Cantora está de volta à Lapa para lançar novo discoDivulgação

Rio - A capa de ‘Guelã’, novo álbum de Maria Gadú lançado recentemente, traz um corpo desnudo estampado com belas asas azuis. Houve quem tivesse achado que a silhueta exposta era da própria cantora. Não era. Mas poderia ser, tamanha foi a apropriação que Maria Gadú fez da imagem. “É outra mulher na foto. Na verdade, é um trabalho da fotógrafa Catharina Suleiman, que ela fez ano passado e nunca tinha publicado. Mas, quando vi a foto, falei: ‘Sou eu! É o meu disco’”, detalha a cantora.

Foram várias as tentativas até que Maria Gadú achasse a sonoridade perfeita para sua nova produção. Pode-se dizer que as horas de estudo não foram poucas. Durante dias e noites, a artista passava até seis horas sentada na frente do mesmo pedal, buscando o que tanto procurava. Nesse meio tempo, ela reformulou sua banda, voltou para São Paulo junto com sua mulher, a produtora Lua Leça, e descobriu diferentes possibilidades dentro de sua arte. Com nova roupagem musical, ‘Guelã’ saiu do forno em forma de poesia, mas com a imponência da guitarra. O resultado foi que o disco recebeu elogios da crítica especializada.

“Cuidei de tudo desde o começo, composições, sons. Da primeira à última canção, elas fazem parte do mesmo universo sonoro”, explica Maria Gadú, que hoje faz seu primeiro show da turnê no Rio, no Circo Voador. “Tenho descoberto muitas coisas para os shows. A guitarra tem um campo sonoro maior, testei milhões de pedais procurando um som ideal. Isso vai te dando texturas”, explica.

As letras, sem muitas repetições ou refrões, foram feitas ao longo dos últimos anos, sem a pretensão de agradar ao mercado com hits comerciais. “Nunca me preocupei com canção comercial, tampouco paguei jabá nas rádios para a minha música tocar, nem pedi para os diretores de TV colocarem minha canção na novela. Não faço nada pensando em ninguém. Meu prazer é que o público curta”, ressalta.

E o público cativo de Maria Gadú, boa parte dele arrebatada pela delicadeza de ‘Shimbalaiê’, vai ficar órfão da canção temporariamente. A cantora já avisou que o hit está fora de seu repertório atual: “Adoro ‘Shimbalaiê’, foi minha primeira música, fiz aos 10 anos, e ela me levou para Alemanha, Itália, países de África, mas não faz parte desse universo. As pessoas querem comparar a história da minha infância com a mulher que sou hoje, aos 29 anos. Não dá. Falei que ela não vai ser tocada, mas sem deixar minha vida num lugar pejorativo.”

Estreando como produtora de seu próprio álbum, a cantora acha precoce avaliar se vai manter essa opção em suas futuras produções. “Não pensei nisso. Ainda estou lambendo a cria”, diz, aos risos. “A diferença é que o produtor tem uma visão sobre você, te expõe, sugere músicas, sonoridades. E eu não quis ninguém me sugerindo nada, nem tendo visão sobre mim. Eu quis testar minhas limitações, e mostrar algo da forma como eu me vejo”, enfatiza.

Sobre guelã, a palavra um tanto desconhecida que dá nome ao álbum, Gadú conta que escolheu sozinha, já que como produtora não precisava dividir opiniões com mais ninguém: “Significa ‘A gaivota’ na língua crioula. Entre as minhas pesquisas fonéticas, descobri esse novo dicionário. A gaivota tem a ver comigo, é um bicho de voo meio solitário, cultiva a solidão e tem um lance de libertação.

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