Por daniela.lima

Rio - O riso é um aliado de Marília Gabriela na vida. Para quem sabe rir de si mesma, nenhum gênero pode ser mais confortável do que a comédia. E é com ela que a jornalista e atriz sobe hoje ao palco do Teatro dos Quatro, na Gávea, estreando o espetáculo da Broadway ‘Vanya e Sonia e Masha e Spike’, eleita pelo Tony Award, o Oscar do teatro americano, a melhor peça de 2013. 

‘Eu sempre quis ser considerada uma mulher muito inteligente%2C hoje em dia eu relaxei. Gostaria de ser considerada bela e sexy’João Caldas / Divulgação


“Os homens que amei, meus ex-maridos, todos riam de mim e é quando me sinto mais feliz. Quando meus filhos me gozam, eu fico numa alegria tamanha. É uma sensação do tipo: ‘Ah, eles gostam de mim’. Então imagina no palco, ter uma plateia inteira rindo? É maravilhoso!”, enfatiza Marília, aos 67 anos.

Saber lidar com seus pontos fracos fez com que ela trocasse, muitas vezes, o rosto sério por boas gargalhadas. “Eu tenho o senso do ridículo, nós todos somos ridículos. Acho sábio ter conhecimento das minhas debilidades e fraquezas, do meu mau jeito em tantas situações, e isso provoca riso. Se não for assim, viro um ser extraterrestre. A gente conhece alguns que se levam a sério, que não conseguem entender uma ironia, uma piada, isso é horrível. Eu sou mais é ridícula mesmo”, admite, aos risos.
O texto de Christopher Durang ganha nova montagem adaptada pelo diretor Jorge Takla, mas a fartura de ironias e situações cômicas continua dando o tom do espetáculo. Na trama, Marília interpreta Masha, uma estrela de Hollywood que, depois de anos, visita seus irmãos acompanhada de seu namorado, 30 anos mais novo.

“Os irmãos são dois solteirões amargurados e ela vem com o namorado mais novo para passar um fim de semana revolucionário. A partir desse retorno, começam várias situações de cobrança, ciúmes, insegurança, inveja, todas essas coisas que temos todos os dias em família. Costumo dizer que a família é um desastre maravilhoso”, aponta. Mas não corra o risco de falar mal de qualquer parente da atriz.

“Ouse!”, diverte-se. “Todo mundo pode se meter a besta e falar o que quiser de todo mundo, mas também tem que se meter a besta para receber o troco”, diz ela, mandando o recado.

Marília, que já foi casada com o empresário Reinaldo Haddad, com o astrólogo Zeca Cochrane e com o ator Reynaldo Gianecchini, não é muito diferente de sua personagem quanto à preferência por homens mais novos. A atriz conta que desde sempre preferiu os jovens. E chega a brincar quando fica sabendo, durante a entrevista, que a repórter já namorou um menino 8 anos mais novo, de 21 anos. “Ai, que delícia”, profere Marília, às gargalhadas. Ela também se espanta ao saber do medo que muitas mulheres têm de serem trocadas por outras mais novas.

“Não tenho medo de nada, Tenho pautado minha vida pela coragem, medo não faz parte do meu repertório, nunca fez. Sempre gostei de homens mais novos. Não sei dizer o porquê, honestamente. Isso não foi depois que comecei a envelhecer. Quando eu era muito jovem, eles eram um pouco mais que eu”, explica a atriz. “Talvez porque eu tenha esse temperamento muito moleque ou porque eu seja ativa em demasia, agitada, goste de viver em plenitude, ou porque me interesso por tudo com uma curiosidade que beira o infantil mesmo. Acho que isso é uma característica da juventude e é nos jovens que eu encontro essa identidade”, completa.

Muito embora saiba que a relação a dois, com tanta diferença de idade, possa ser um carrossel de emoções, a jornalista não tem medo de arriscar. Tampouco deixa qualquer tipo de preconceito fazer parte de sua história: “Há momentos em que a sua maturidade começa a te poupar de tanta emoção. Aí você fala: ‘Agora estou cansada, preciso descansar. Não quero impor a minha velhice a uma pessoa que tem tanto por viver ainda’. Se acontecer de novo, ótimo, se não acontecer, OK. Viver com medo é uma forma de viver muito triste”.

Fama, beleza, admiração. Marília se diz satisfeita com tudo o que conquistou. Avalia o ônus e o bônus da fama de forma ponderada e garante que não se queixa de nada. Ao falar da vaidade, a atriz revela que sempre se preocupou muito mais com a cabeça do que com o corpo.

“Sempre fui vaidosa da minha inteligência. O que eu acho de uma pretensão atroz, porque nunca me senti tão ignorante como me sinto hoje, nessa era do avanço tecnológico, científico. Mas isso você só vai perceber quando amadurece. Eu sempre quis ser considerada uma mulher muito inteligente, hoje em dia eu relaxei. Gostaria de ser considerada bela e sexy”, sugere, às gargalhadas.

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