Por karilayn.areias

Rio - Quando pisou na Record pela primeira vez, em 2005, Nanda Ziegler, 34 anos, só tinha a intenção de fazer um teste e ser aprovada para a novela ‘Prova de Amor’ (2006). Não só garantiu uma vaga no elenco da trama que está sendo reprisada nas tardes da emissora como se apaixonou de imediato pelo diretor Alexandre Avancini e foi correspondida. Uma década depois, a atriz tem um casamento sólido, um filho — Enrico, de 7 anos —, e uma carreira em ascensão. Primeira-dama de ‘Os Dez Mandamentos’, a intérprete da sofrida Judite só tem motivos para celebrar a passagem de 2015, ainda que a sua personagem esteja com os dias contados. “No trajeto para Canaã, muitos hebreus morreram. A Judite vai morrer salvando o filho, Jairo (Erich Pelitz)”, adianta.

Nanda Ziegler%3A ‘No início da carreira na TV%2C o preconceito por ser mulher de diretor estava presente na minha vida’ Divulgação

Graças ao sucesso de ‘Os Dez Mandamentos’, que chegou a marcar 32 pontos de média no Rio contra 20 da Globo no capítulo em que o Mar Vermelho se abriu (10 de novembro), o fim trágico de Judite foi adiado e está previsto para ir ao ar no primeiro capítulo da segunda temporada da novela, que estreia em março. A despedida de Nanda acontecerá durante o evento ‘bezerro de ouro’, momento em que os hebreus, de acordo com o livro Êxodo, do Velho Testamento, criam uma imagem e começam a cultuá-la, despertando a fúria de Moisés (Guilherme Winter), que chega a quebrar a tábua dos dez mandamentos de Deus, dando início a uma batalha. “Finalizo as minhas cenas nos próximos dias porque vou passar uma temporada de três meses estudando interpretação em Los Angeles. Ainda não penso em carreira internacional, mas sonhar, eu sonho. Não adianta eu querer ganhar na Megasena se não jogar, e o mesmo vale para a profissão. Se não me capacitar, não posso alimentar o sonho de um dia fazer trabalhos fora do país”, comenta.

Na bagagem, Nanda vai levar o desejo de aprimorar o seu trabalho, o filho e a saudade do marido. “O Enrico, eu vou carregar aproveitando as férias escolares, mas o Alexandre não tem jeito, ficará por aqui trabalhando. Mas estamos tão felizes com a nossa vida e com o sucesso da novela que está tudo certo. O mais importante é que nos amamos muito”, diz.

E o preço de ser atriz e amar um diretor é alto. Nanda chegou a ser vítima de preconceito. “No início da carreira na TV, o preconceito por ser mulher de diretor estava presente na minha vida. Mas fui percorrendo o meu próprio caminho e hoje não sou mais vista como a mulher do diretor”, acredita.

Nanda no lançamento da novela%2C com o marido%2C Alexandre AvanciniDivulgação

O caminho é particular, mas intimamente ligado a Avancini. “Trabalhar junto é muito gostoso, nos une ainda mais. Em casa, a gente conversa sobre a nossa vida e também sobre o trabalho, os projetos. Não tem essa de não misturar os assuntos. Mas no estúdio, eu sou apenas mais uma atriz. Não tenho privilégios”, garante.


Ainda que escreva a sua trajetória profissional ao lado do marido, Nanda, além de não descartar uma eventual carreira internacional, vem fazendo voos solos. Em janeiro, entra em cartaz no cinema com o filme ‘O Tempo Feliz que Passou’, de André da Costa Pinto, onde deu vida a uma prostituta, homossexual e portadora de sífilis. “Mergulhei fundo no drama. Foi um trabalho denso e prazeroso”, diz. E se um dia surgir um convite para trabalhar na Globo, a proposta será analisada. “Sou contratada da Record até 2018, mas não sou atriz de uma emissora, sou uma atriz do mercado, seja ele de televisão, teatro ou cinema. Não cogito ir para a Globo, mas sempre vou querer estar onde tiver bons trabalhos, sendo dirigida ou não pelo meu marido.”

Violência Doméstica

Apesar de ser uma novela bíblica, ‘Os Dez Mandamentos’ tratou de um tema muito atual: a violência doméstica. A dor de Judite, que apanhava e era constantemente humilhada pelo marido, Apuki (Heitor Martinez), falou ao coração de mulheres que ainda hoje sofrem com esse problema. “Uma telespectadora me contou que denunciou o marido depois de se identificar com a Judite. A arte tem esse poder de levar à reflexão. Essa novela não é datada, a diferença é que, naquela época, a mulher tinha que ser submissa, porque a outra alternativa era se prostituir, mas hoje se tem para onde correr. A Lei Maria da Penha está aí para acolher a mulher. Bater não é amor, é posse, é egoísmo, é violência. Jamais permitiria que um homem encostasse um dedo em mim”. 

Judite vai morrer para salvar o filho Jairo durante o trajeto para CanaãDivulgação


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