Por karilayn.areias
O diretor paulista Alê AbreuDivulgação

Rio - Com a agenda repleta de compromissos, Alê Abreu, o diretor do filme de animação ‘O Menino e o Mundo’, conversou com O DIA horas antes de viajar para os Estados Unidos, onde representa o Brasil na única produção nacional que concorre ao Oscar, maior prêmio da indústria cinematográfica. “Só vou acreditar que perdi quando ouvir o nome de um outro candidato”, diz o otimista Alê, paulista de 44 anos. A premiada produção é o seu sexto filme e segundo longa, todos no mesmo gênero. “O filme é muito universal e realista e isso deve ter ajudado na indicação. É ousado e vai na contra-mão de tudo que a gente vê. É um filme que devolve a esperança para os brasileiros”, diz o diretor, que admite que o favorito é a produção americana ‘Divertida Mente’.

A indicação ao Oscar, no entanto, não mexeu com o jeito tranquilo de Alê, que diz não ter sentido “cair a ficha” até o momento. “Eu recebi a notícia e nem tinha a quem abraçar”, diverte-se, falando pausadamente. O diretor estava descansando em sua casa de veraneio na Serra da Mantiqueira (SP), sozinho, e sequer imaginava a indicação do filme, que teve no lançamento cerca de 35 mil espectadores. Depois da indicação à premiação, porém, o público aumentou em 20 mil pessoas, segundo o diretor.

“Eu até já fui reconhecido na saída de um restaurante. Mas esse glamour não me contamina. Sou low-profile”, afirma Alê. A animação conta a história de Cuca, um menino que vive numa pequena aldeia em seu mítico país. Certo dia, ele vê seu pai partir em busca de trabalho, embarcando em um trem rumo à desconhecida capital. O menino decide, então, fazer as malas e d<CW-3>escobrir onde o pai foi morar. No entanto, a criança se depara com uma sociedade marcada pela pobreza, em que os trabalhadores são explorados e não têm perspectivas. A produção tem uma hora e 25 minutos e a trilha sonora é assinada pelo rapper Emicida.

‘O Menino e o Mundo’ tem um ritmo diferente da montagem frenética das animações infantis hollywoodianas. Também chama a atenção a mistura de técnicas, incluindo colagens, carros feitos por computador (representando a desigualdade social) e imagens em estilo documentário.

Imagem da animação que concorre ao Oscar Reprodução

O filme, vendido para mais de 80 países, foi premiado, entre outros festivais de cinema — na Coreia do Sul, Uruguai e Alemanha — e faz sucesso enorme na França, em especial, onde cerca de 130 mil expectadores já assistiram à produção tupiniquim. 

OS CONCORRENTES

ANOMALISA
De: Charlie Kaufman e Duke Johnson
País: Estados Unidos

DIVERTIDA MENT
De: Pete Docter
País: Estados Unidos

AS MEMÓRIAS DE MARNIE
De: Hiromasa e Yoshiaki
País: Japão

SHAUN, O CARNEIRO
De: Mark Burton e Richard Starzak
País: Reino Unido e França

Reportagem Eduardo Minc. Colaborou o estagiário Guilherme Guagliardi

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