Rio - Um homem que zela pela moral e os bons costumes. Só que não! Quem ouve o discurso moralista de Tarcísio Filho, 51 anos, em ‘Êta Mundo Bom!’ até pensa que Severo tem uma conduta acima do bem e do mal, mas é só colocar uma lupa para ver que, na verdade, ele é a hipocrisia em forma de gente. O comerciante, que expulsou a filha Maria (Bianca Bin) de casa porque ela engravidou antes de se casar e que se define como um conservador à moda antiga, tem uma amante, Diana (Priscila Fantin), e ainda gasta todo o seu dinheiro com ela, deixando a família na mais absoluta miséria. “O Severo não é mole não (risos). Ele é um hipócrita, como a maioria dos homens era na época em que a novela se passa (fim dos anos 40), e um bobo como qualquer pessoa apaixonada”, diz.
Tão bobo que nem desconfia que Diana só quer sugar o seu dinheiro, muito menos que ela é apaixonada por Braz, o seu próprio filho. “O Severo é fascinado por aquela figura linda, dona de belas formas. Diante da jovem amante, o Severo se perdeu. Todos nós ficamos cegos de amor em algum momento da vida. O Severo está obcecado pela Diana. Na verdade, muito homem de meia idade busca uma novinha”, comenta.
Casado com a publicitária gaúcha Mocita Fagundes, de 51 anos, Tarcísio foge à regra. “Não passa pelo meu tesão o desejo de ter uma mulher mais nova. Eu até brinco que estou pegando uma coroa porque a minha mulher é um mês mais velha do que eu. Mas eu sei que muita gente quer recuperar a juventude através do outro”, observa, complementando. “Existem lindas histórias de amor com grandes diferenças de idade. Como condenar o amor? O problema do Severo é que ele não está nem aí para a família, só pensa na manutenção desse amor obsessivo.”
As consequências do egoísmo do personagem da novela das 18h serão irreparáveis e estão previstas para ir ao ar na quarta-feira, 16. Uma tragédia acontece quando Severo se recusa a pagar o tratamento médico da mulher, Ana (Débora Olivieri), que adoece depois de descobrir que o marido tem uma amante. “A Ana morre de amor, de desgosto, de tristeza. E isso continua acontecendo nos dias de hoje, quando muitas pessoas tomam remédio para dormir, para acordar. Vivemos em um tempo em que a depressão e a ansiedade são doenças cada vez mais comuns. As pessoas morrem aos poucos, enfermas mentalmente. Isso é grave”, alerta.
O desvio de caráter do Severo também é pesado. Ainda assim, Tarcísio vê luz no fim do túnel para o seu personagem na trama de Walcyr Carrasco. “Não sei o que vai acontecer com o Severo, mas acredito que as pessoas possam se arrepender e mudar de opinião dependendo das puxadas de tapete que a vida der. Eu acredito na mudança do ser humano”, afirma.
Falando em mudança, Tarcísio deu adeus a São Paulo e arrumou as malas com destino ao Sul do país quando se casou com uma gaúcha. “Porto Alegre é uma cidade deliciosa de se viver. Tem toda a estrutura de uma cidade grande, mas ainda guarda um certo ar de interior. Minha história de amor com o Sul começou na época em que fiz a minissérie ‘A Casa das Sete Mulheres’ (2003), mas, quando me apaixonei por uma gaúcha, danou-se”, brinca.
Herança genética
Único filho do casal Glória Menezes e Tarcísio Meira, Tarcisinho – que tem dois irmãos por parte de mãe – encarou o desafio de seguir os passos dos pais mesmo sabendo que não escaparia das comparações. "A cobrança que havia no início da minha carreira, se é que havia, nunca seria maior do que a minha. Sabia onde estava pisando, não entrei de olhos vendados, mas sempre lidei com isso de uma forma tranquila. Era natural que tivessem uma curiosidade em relação a mim. E ainda tem a questão da semelhança com o meu pai. É a genética", resume.