Rio - Imagine se a princesa Elsa do aclamado ‘Frozen — Uma Aventura Congelante’, que teve bilheteria de US$1,2 bilhão, saísse do armário? É isso mesmo. A comunidade LGBT norte-americana lançou uma campanha para que os estúdios de Walt Disney a transforme numa personagem assumidamente lésbica.
O blog Feminist Culture criou a hastag #GiveElsaAGirlfriend (Dê a Elsa uma namorada), e o tópico se tornou um dos mais comentados no Twitter. Tudo após pesquisa do grupo Gay and Lesbian Alliance Against Defamation sobre inclusão LGBT nos filmes de Hollywood. Segundo o estudo, dos 126 filmes lançados em 2015 pelos sete principais estúdios, apenas 17,5% incluíam personagens homossexuais.
A assessoria da Disney no Brasil ainda não declara seu posicionamento sobre o assunto, mas desde 2014, em entrevista a um veículo da Califórnia, a executiva da empresa de entretenimento, Ellen Etheridge, não descarta a possibilidade. “Tentamos diversificar nossas personagens femininas ao longo dos anos e percorremos um longo caminho desde a princesa de ‘A Bela Adormecida’. Pensamos em personagens femininos fortes para que as crianças possam admirar. Criamos uma princesa negra há alguns anos e queremos abrir novos caminhos”, disse Ellen.
A possibilidade da discussão de novos arranjos familiares na animação de um dos maiores estúdios do planeta empolgou a cantora Daniela Mercury. Casada com a jornalista Malu Verçosa desde 2013, as duas são mães de três filhas. “Fiquei extremamente feliz com essa notícia da possibilidade de transformar a Elsa em um ícone LGBT.
Aliás, as duas protagonistas do filme são bem fortes. Eu assisti várias vezes por conta da nossa filha mais nova, Ana Isabel. Seria fantástico que essa personagem, que já é tão amada pelas crianças, famílias, se revelasse lésbica. É muito bom para a diminuição do preconceito e a compreensão que o ser humano é múltiplo também na sua sexualidade e isso em nenhum momento afeta as famílias no que é mais importante nas relações humanas. Pedimos ao secretário-geral da ONU também que nos auxiliasse na luta, aqui no país para a aprovação da criminalização da homofobia”, frisa a cantora.
Daniela e Malu fazem parte da campanha global ‘Livres & Iguais’, que tem por objetivo aumentar a conscientização sobre a violência e a discriminação homofóbica e transfóbica e promover um maior respeito pelos direitos das pessoas LGBT: “Quando eu e Malu fomos a Nova York no encontro com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, pedimos duas coisas: a primeira, justamente que ele fizesse uma campanha em Hollywood, junto aos produtores cinematográficos, pedindo que refletissem sobre a importância da inclusão das famílias LGBT na sua dramaturgia, nos desenhos animados (Disney, Pixar), para que a diversidade humana fosse contemplada e naturalizada.”
Para Malu, a notícia do movimento emociona pela representatividade: “É importante que as crianças enxerguem outros modelos familiares. Outro dia mesmo, nossa filha mais nova me perguntou por que ela não via nenhum casal de duas mulheres nos filmes de criança”, ressalta a jornalista.
Jaime Nadal, que representa o escritório do UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas no Brasil), a agência de desenvolvimento internacional da ONU que trata de questões populacionais, concorda: “A questão dos direitos humanos da comunidade LGBT tem sido bastante debatida e foi, inclusive, tema de uma conferência nacional realizada em Brasília na semana passada. Os acordos e tratados internacionais têm reiterado que a orientação sexual e a identidade de gênero não podem ser motivo de discriminação”.
Uma outra sugestão da pesquisa norte-americana sobre inclusão é que a Disney coloque no próximo filme da saga ‘Star Wars’ um casal homossexual masculino. A aposta seria no casal formado pelos personagens Poe Dameron (Oscar Isaac) e Finn (John Boyega), que já demonstraram grande aproximação no último filme da franquia.