Por tabata.uchoa
O ator está satisfeito com seu corpo mantido com malhação%2C surfe e dançaDivulgação

Rio - Gabriel Canella pode ter Vermelho como nome de seu personagem de ‘Êta Mundo Bom!’ e em seus pelos desde criança, mas não enrubesce facilmente. Nem mesmo ao ficar pelado para interpretar o gogo boy Davi no filme ‘Copa 181’, com cenas de sexo e beijo homossexuais. O longa de Dannon Lacerda, que estreia no ano que vem no Festival de Berlin, conta a história de um casal com vida dupla, em que o homem frequenta sauna gay e se relaciona com Davi, o jovem de corpo escultural que só pensa em se dar bem.

“A gente fica nervoso, pensa: ‘Pô, vou beijar um homem’. Mas depois vê que a proposta é não ser nada vulgar, que é arte pura. Na hora que acabou, fiquei bem tenso, mas ao ouvir os elogios, relaxei. Apesar de o beijo ser técnico, a gente tem que vivenciar aquilo. Não é todo mundo que topa fazer cena de beijo com homem, mas estamos aí para romper barreiras”, diz Gabriel, entusiasmado. “As cenas de sexo são fortes, como as do filme ‘Praia do Futuro’. Lógico que a gente fica desconfortável, é uma cena difícil, tem que ter concentração, mas estudei bastante.”

Nada de dublê na hora de mostrar seu tanquinho, que ele cultiva com muita malhação, surfe e até aulas de dança. “Fiz laboratório, fui a algumas saunas gays, vi que os gogo boys são muito vaidosos, ficam passando a mão nas partes íntimas, no peito, para impressionar. São sarados, usam cabelo muito certinho, extremamente metrossexuais. O cliente vai atraído pelo físico, que é objeto de desejo. O primeiro instinto é sempre o visual”, explica.

A vida dos profissionais do sexo vai ser mostrada sem rótulos e de forma bem explícita na produção, para que as pessoas tenham conhecimento de como funcionam as coisas nesse ambiente. “Os boys não sentem culpa. A maioria é casado, fala que é hétero e que faz isso por trabalho, muitos para ter vida boa, outros para comprar drogas”, analisa o ator, que se impressionou com as histórias de vida ouvidas por lá.

“Muitos só saem da sauna quando arrumam um patrocínio, que na linguagem dos boys significa ter cara bancando eles. Alguns são de lugares pobres, de baixa renda, mas querem ser o cara da moda, andar como os garotos de Ipanema.”

Longe das telonas, Gabriel garante nunca ter usado o corpo como moeda de troca: “Corpo mesmo só usei na publicidade, como modelo, mas nunca para conseguir nada.”

A timidez até parece querer dar alguns sinais quando o ator fala sobre seu físico, mas logo Gabriel relaxa e assume que gosta do seu visual. “Gosto do que eu vejo quando me olho, mas sempre acho que tenho que melhorar. Estou numa fase boa, com o corpo bonito”, comemora ele, que namora há sete meses uma médica.

Vermelho é o cão de guarda de Paulina (Suely Franco)Reprodução

Há brincadeiras por aí que sugerem que os ruivos estão no topo da cadeia alimentar. Gabriel acha graça. “Li que os ruivos de olhos claros têm menos de 1% no mundo. Tem gente que gosta e gente que não. Posso dizer que sempre me dei bem, nunca faltou mulher, mas acredito que seja porque eu sou um cara bacana, divertido.”

Hoje, Gabriel encerra a temporada na peça ‘Hamlet ou Morte!’, no Teatro Municipal Ziembinski. Mas quem o acompanha na pele do Vermelho, na trama das 18h, ainda vai poder ver muitas aventuras do ‘cão de guarda’ de Paulina (Suely Franco), dona do Dancing. Quando não está gravando, é outra pessoa que Gabriel se preocupa em proteger.

“Sou assim com minha irmãzinha Rachel, que tem Síndrome de Down. Ela tem 28 anos, precisa de mais atenção e sinto que preciso protegê-la. Minha mãe passou isso para mim, é natural da vida proteger os mais fracos”, reflete. Sem amores na ficção, Vermelho vai se preocupar mesmo em impedir que Diana (Priscila Fantin) volte para o clube de dança. “Todo mundo quer um amor na vida, mas o Vermelho ainda não se assanhou com ninguém.” 

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