Por karilayn.areias
O palhaço Biribinha no espetáculo ‘Magia’Divulgação

Rio - A frase “bem-vindos ao maior espetáculo da Terra” não é associada ao universo circense à toa. “Entre os anos 1930 e 1950 aconteceu o auge do circo e ele era uma espécie de internet da época. Era ele que trazia as novidades para as pessoas”, avalia Fernanda Vidigal, criadora do Festival Mundial do Circo, iniciado há 15 anos em Minas Gerais. De amanhã até a próxima quinta-feira, o evento é pela primeira vez realizado no Rio, na Lona da Escola Nacional de Circo, na Praça da Bandeira. A entrada é franca.

O festival já trouxe atrações de 38 países para espetáculos em Minas Gerais. E aporta em terras cariocas focando na revitalização do cenário nacional, com as presenças de grupos de Alagoas (Cia. Teatral Turma do Biribinha), Brasília (Circo Teatro Artetude) e São Paulo (o Circo Zanni, montado pelo ator Domingos Montagner, o Santo de ‘Velho Chico’, novela das 21h da Globo). “Quando montei o festival, o que eu mais ouvia era ‘você tá louca, não tem mais espaço para o circo’. Ele passou por um processo de dificuldades, mas hoje a gente vive um novo boom, em que os circos são feitos por pessoas formadas em escolas, não mais por famílias, que criavam os filhos na lona. Têm aparecido muitos grupos”, conta Fernanda. “O circo está passando por uma mudança artística e de gestão. Há muitas dificuldades, claro. Arrumar espaço para montar uma lona, ainda mais nos espaços públicos do Rio, é complicado. É uma estrutura muito grande e muito onerosa. Mas o circo já está arrumando outros espaços e está indo para a rua, apesar de a lona ser a casa original deste tipo de espetáculo.”

O festival faz parte da Mostra Funarte de Festivais 2016, agendada para o início dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Trabalhando com a atualização do universo circense no Brasil, a edição carioca do Festival Mundial do Circo destaca espetáculos como ‘Magia’, da Cia Teatral Clube do Biribinha, de Alagoas.

Teófanes Silveira, o palhaço Biribinha, roteiriza, dirige e atua sozinho no palco, falando sobre um palhaço que usa a magia para fazer um filme “sem elenco e sem dinheiro”. “O palhaço nordestino conta histórias, é diferente do palhaço que usa a mímica. Tem toda uma poética no uso do cenário, da iluminação. O espetáculo começa em preto e branco e acaba colorido”, diz Fernanda.

Já a trupe do Circo Teatro Artetude usa um ônibus equipado com luz, som e picadeiro, e viaja pelo Brasil. O Zanni, de Domingos Montagner, é uma trupe numerosa, com artistas de diversas gerações circenses, vindos de vários grupos de São Paulo. 

Tem mais circo na orla Conde

Não muito longe da Escola Nacional de Circo, tem mais palhaçada e espetáculos lá na Orla Conde, na Praça Marechal Âncora, no Centro, misturadas à música e ao teatro infantil. Na programação ‘#VemPraOrlaConde’, rola amanhã a sequência de espetáculos ‘Sou Bastião’, que reúnem várias formas de expressão artística. A programação vai das 13h às 19h e mistura shows dos grupos Jongo Eledá e Maracatu Baques do Pina, e a peça infantil ‘Tem Areia no Maiô’ (com o grupo Maria das Graças).

No domingo, a movimentação circense começa de verdade: às 14h, a Praça Marechal Âncora é palco para o espetáculo ‘Mix Dux’, composto por uma seleção dos melhores números do repertório do Circo Dux. Às 15h, acontece o espetáculo de quadrilha junina estilizada ‘Dê Asas À Sua Imaginação Para Aquecer Seu Coração’, e às 15h30, tem o projeto ‘Oficina de Sotaques’, coordenado por Cacau Amaral, trazendo oficinas de percussão regional brasileira. Finalizando, às 17h, acontece o espetáculo circense de variedade ‘Cabaré Circo no Ato’, com o coletivo de artistas da Escola de Circo Social do Crescer e Viver.

ESPETÁCULOS CIRCENSES:

AMANHÃ

19h — ‘MAGIA’, COM CIA. TEATRAL TURMA DO BIRIBINHA (AL)
O espetáculo foi criado, roteirizado, dirigido e protagonizado por Teófanes Silveira, o palhaço Biribinha. O personagem cria um filme “sem elenco e sem dinheiro” e requer bastante a participação da plateia pra ajudá-lo a vencer este desafio. Teófanes é também responsável por adereços e maquiagem.

DOMINGO

17h — ‘O GRANDE CIRCO DOS IRMÃOS SAÚDE’, COM CIRCO TEATRO ARTETUDE (DF)
A companhia usa um ônibus-camarim, com o qual viaja pelo Brasil e ainda monta espetáculos. O grupo pesquisa e desenvolve tecnologia para espetáculos de rua há 14 anos. ‘O Grande Circo’ é um espetáculo feito por dois irmãos palhaços e mistura elementos de esquetes tradicionais com manobras acrobáticas e números de malabares. No espetáculo, exploram cenas cotidianas em um jogo divertido sobre arte da convivência.

TERÇA E QUARTA

20h — ‘CIRCO ZANNI’, COM CIRCO
ZANNI (SP)

O espetáculo traz alguns dos números mais conhecidos da trupe, incluindo novos números aéreos, de equilíbrio, magia, barra fixa e palhaçaria. O grupo tem direção artística de Domingos Montagner e direção musical de Marcelo Lujan, e mistura artistas de São Paulo e diferentes procedências, além de gente de outros estados do Brasil.

DEBATE:

SEGUNDA, ÀS 19h
‘A ARTE E O OFÍCIO DO PALHAÇO’ — Com o artista Luiz Carlos Vasconcelos e o Circo Teatro Artetude.

CINEMA:

QUINTA, ÀS 19h:
‘SO (BRE) A LONA’ — Exibição do documentário dirigido por Janaína Patrocínio e Sílvia Godinho, gravado ao longo dos 37 dias nos bastidores de uma trupe circense no Festival Mundial de Circo 2008 em turnê pelo interior de Minas Gerais. Duração: 75min.

ESCOLA NACIONAL DE CIRCO. Rua Elpídio Boamorte s/n, Praça da Bandeira (2504-5320). Grátis, com senhas distribuídas uma hora antes dos espetáculos.

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