Por gabriela.mattos

Rio - Uma cena do ensaio técnico da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, realizada no estádio Maracanã, no último domingo, gerou polêmica a quem assistiu ao espetáculo — cerca de 13 mil pessoas, entre voluntários e convidados. O show de abertura, com quase 5h de duração, contará com a participação da modelo Gisele Bündchen, desfilando ao som de ‘Garota de Ipanema’, do maestro Tom Jobim. Mas o que causou espanto foi o momento em que a top model parecia ser assaltada por um ator que, logo depois, fugiu de dois policiais.

Na sequência da cena, o jovem, após assustar a modelo e correr da polícia, se aproxima novamente da moça, que, dessa vez, o protege. No final, eles se abraçam e todos saem de cena felizes. Parte da plateia considerou a cena um assalto. Outros, acharam que houve preconceito com os meninos de rua.

Nas redes sociais, o cineasta Fernando Meirelles, um dos responsáveis pelo evento, negou a informação de que a cena é um assalto.

Gisele Bündchen vai participar da abertura dos Jogos OlímpicosReprodução

Mas isso não foi o que algumas pessoas interpretaram ao ver a apresentação. Netho Vidigal, vocalista do grupo Ernesto e Banda Show, assistiu ao evento. Ele destaca que a modelo (o ensaio foi feito com uma dublê) entra pela diagonal do campo e vai caminhando em direção a uma favela (cênica).

“Até aí tudo bem. Todos estão felizes em ter uma brasileira representando o nosso país. Mas mostrar um assalto não caiu bem, foi de mau gosto”, avalia o artista. “Tudo bem que essa é a realidade de quem vive no Rio. Mas num momento em que a cidade é o foco internacional, essa cena foi desnecessária. São mensagens que a gente não consegue entender. Tem que ter isso no roteiro? A polícia correndo atrás de um jovem. O que querem representar com isso?”, lamenta cantor.

O bailarino, coreógrafo e diretor Carlos Leça adorou o espetáculo. Mas garantiu que essa cena ele não usaria em um de seus trabalhos.

“Prefiro ir pelo lado cultural do que essa coisa política. Como diretor, não sei qual a visão que eles têm. Cada um quer dar o seu recado, o espetáculo não é só floresta Amazônica. Mas eu colocaria a nossa top entrando linda com uma canga e mandando um beijo para o público, como a Garota de Ipanema”, diz Leça, que também estava no ensaio.

Mas não é só essa surpresa. O espetáculo, que será apreciado por 3 bilhões de espectadores no mundo todo, também contará com o voo de um 14 Bis, a invenção de Santos Dumont, que atravessará todo o estádio, suspenso em um cabo. O evento apresentará um resumo da história do Brasil, da chegada dos colonizadores portugueses à urbanização das grandes cidades. No início, três caravelas cruzam o gramado, protegido por uma grande lona. Projeções e dançarinos em fantasias azuis, simulam o mar.

Segundo a assessoria de imprensa do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, não trata-se de um assalto e, por ser um ensaio técnico, alguns quadros do espetáculo ainda podem mudar. A assessoria não revelou a mensagem da cena e disse que será uma surpresa. O prefeito Eduardo Paes não assistiu à apresentação e preferiu não opinar.

Procurada, a assessoria da bailarina e coreógrafa Deborah Colker, que é responsável pela coreografia, disse que a mesma ainda não pode falar sobre o show. Antes do ensaio geral da cerimônia de abertura, a apresentadora da Globo Glória Maria e o diretor de comunicação dos Jogos, Mário Andrada, pediram para o público: “Vamos manter o mistério”.

As gafes olímpicas

A morte de Juma

O sacrifício de uma onça exibida na passagem da tocha por Manaus, em meados de junho, quando ela atacou um oficial do Exército. O animal foi abatido com um tiro de pistola, logo após aparecer no evento olímpico, e gerou polêmica nas redes.

Caiu com a Tocha

Ex-nadador e ex-técnico de Joanna Maranhão, João Reinaldo, o Nikita, caiu ao carregar a Tocha Olímpica pelas ruas de Recife. Nikita caminhava tranquilamente com o símbolo na mão direita, não viu o buraco, tropeçou e caiu no chão, ralando o joelho e o cotovelo. 

Apagando a Tocha com água

Depois de tentar apagar o símbolo dos Jogos com um balde de água, um homem de 27 anos chegou a ser preso em Maracaju, município de Mato Grosso do Sul. Com a brincadeira, ele teve que gastar R$ 1 mil para ser liberado.

O canguru do Paes

A equipe australiana se negou a ficar hospedada na Vila Olímpica, por achar problemas de insfraestrutura nas instalações. O prefeito do Rio Eduardo Paes, sempre brincalhão, sugeriu colocar um canguru para o grupo, digamos, ficar mais à vontade.

Cadê o sorriso?

Quando o Brasil foi escolhido para sediar os Jogos, o gari e passista Renato Sorriso se apresentou no encerramento da apresentação de Londres. No ensaio da cerimônia de abertura no Rio ele não estava. Será que a presença dele é uma das surpresas da cerimônia?

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