Por karilayn.areias
Carla Matera%3A de volta ao Sistema Globo de Rádio desde agostoDivulgação

Rio - De volta à Rádio Globo desde agosto (após vários anos na Rádio Tupi e uma passagem pela mesma Globo em São Paulo), a repórter Carla Matera já se sentiu quase como uma “atração turística” quando começou a trabalhar com futebol, no fim dos anos 1990. “Era difícil achar mulheres no jornalismo esportivo em rádio. Daí os repórteres de outros estados vinham me entrevistar!”, espanta-se ela, que pode ser ouvida de domingo a sexta no ‘Panorama Esportivo’ (de 22h à meia-noite) e de segunda a sexta no ‘Globo Esportivo’ (de 17h às 19h). E prepara o site www.carlamatera.com.br para levar sua cobertura para a web, com foco em bastidores.

“Não vou nem me restringir a futebol. A ideia é mostrar os personagens do esporte sem chuteira e sem prancheta. Como é a vida, o dia-a-dia deles, como são as coisas no vestiário”, adianta ela, que estreia o portal até o fim do ano. E começou nas quatro linhas por acaso, quando fazia faculdade de jornalismo e já trabalhava em rádio. Por acaso, sua estreia se deu num Dia Internacional da Mulher.

“Foi num domingo, em 1999. Trabalhava na Tropical FM e meu chefe me escalou para cobrir futebol feminino no Maracanã. Eu trabalhava no jornalismo e não entendia de futebol. Mas meu chefe falou: ‘Ué, mas você entrevista médicos e nunca fez medicina. Claro que pode entrevistar jogadores de futebol!”, brinca. Carla acabou ganhando ajuda da família, formada por fãs do esporte. “Meu pai era um flamenguista louco e me dava dicas. Na época você via mulheres no esporte na TV. Em rádio, eu não fui a primeira, mas no Rio, na época, era impossível achar”.

Carla tomou gosto (e muito conhecimento) pelo esporte e, já na Rádio Tupi, onde cobria polícia na década passada, insistiu até mudar de área. “Eu fazia faculdade e ainda cobria esportes em outra rádio. A Tupi era tradicionalíssima e nunca tinha tido uma mulher nessa área”, recorda ela, que relutou até perceber que enfrentava machismo no trabalho.

“Achava que eu não passava por esses problemas. Até que ouvi de um treinador do Fluminense que ‘a Carla, apesar de mulher, é uma boa repórter’. Isso é patético. Numa emissora em que trabalhei, percebi que não tinha oportunidades por ser mulher. E tem quem ache que colocar uma repórter para cobrir futebol é um favor”, indigna-se Carla, que também dá aulas de reportagem esportiva na Escola de Rádio, no Catete. E é mãe de Alexandre, 6 anos. “Ser mãe e viajar bastante a trabalho é um enorme desafio. Mas meu filho se orgulha muito de mim. Já até me disse isso”, alegra-se.

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