Por tabata.uchoa
Flávio Marinho com a querida Fernanda MontenegroReprodução Internet

Rio - Neste domingo, falamos sobre uma das paixões do brasileiro: novela. Nosso convidado é Flávio Marinho, jornalista, dramaturgo, roteirista, diretor e escritor. Agora, ele está fazendo a pré-produção de uma peça em que homenageia a família, com ‘Meu Querido Irmãozinho’. O novelista conta como é a construção de uma boa história, a escolha do elenco e até as mudanças inesperadas dos personagens. “Novela é obra aberta”.

LILI: Fale um pouco sobre você.
FLÁVIO: Bem, tenho dois defeitos chatos: timidez e insegurança. Mas também tenho duas qualidades legais: lealdade e senso de humor. O restante varia...

Qual foi o maior desafio da carreira?
Estou enfrentando neste exato momento. A Betty Goffman me pediu para transformar ‘A Vingança do Espelho: A História de Zezé Macedo’, encenada há cinco anos, num monólogo (originalmente, o texto tinha 5 atores). É um desafio às técnicas dramatúrgicas, à minha carpintaria teatral.

Momento saia-justa.
Quando dirigi ‘A Sinfonia da Cidade do Rio de Janeiro’, do Francis Hime, no Theatro Municipal. Não tivemos tempo nem de passar um ensaio corrido de luz e som. Foi no peito e na raça. E, para complicar a saia-justa, a coisa foi transformada em DVD. Foi um milagre ter dado tudo certo...

Momento marcante?
A ovação da estreia do meu primeiro trabalho em teatro há 30 anos: ‘Noviças Rebeldes’. Ficou 12 anos em cartaz.

Como você decide que ator fará que papel?
Decido antes de escrever e escrevo com ele em mente. Facilita a vida.

O que muda o rumo de um personagem?
Em uma novela, muita coisa muda o rumo de uma personagem: a opinião do “group discussion”, a rejeição do público, o não rendimento de um ator no papel. Novela é obra aberta. É assim mesmo. Faz parte da natureza dela. É diferente de teatro.

Já matou um personagem para se livrar dele?
Isso nunca me aconteceu em TV. Muito menos em teatro.

Sugere figurino ou música tema de personagem?
Em teatro, meu texto é inteiramente rubricado em termos de trilha sonora e figurino. Em TV, bem menos.

O que é uma rubrica no roteiro?
É uma indicação da minha visão da cena e/ou da personagem. Algo que, em princípio, é para ajudar diretor e ator.

Fale um pouco de amor. Você é discreto ou tímido?
Como disse, sou tímido em termos pessoais. Mas, profissionalmente, tenho tentado me soltar um pouco. Até faço, de vez em quando, uma palestra-show com o Zé Renato e a Soraya Ravenle onde conto histórias de teatro e cantarolo umas músicas: ‘Música + Teatro’.

Alguma superstição?
Hum... Não gosto muito daquela palavrinha que é sinônimo de “falta de sorte”...

Família é... Já pensou em ter filhos?
Família é... aquela que a gente escolhe. Às vezes, um amigo eleito tem um laço afetivo com você mais forte que um familiar. Jamais pensei em ter filhos. Não consigo criar nem canário belga.

Dica para ser feliz?
Trabalha no que você ama.

Um beijo e um sonho.
Um beijo para todos aqueles que, apesar de tudo, lutam para o teatro não morrer. Meu sonho é que consigamos sair deste mar de lama em que o país afundou a fim de que possamos construir uma nação da qual todos nós possamos nos orgulhar, com cultura e liberdade. 

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