Rio - Quanto mais se envolve na bandidagem de Rubinho (Emilio Dantas), mais Bibi, personagem de Juliana Paes em ‘A Força do Querer’, se afunda no mundo do crime. A atriz tem ouvido conselhos do público como “sai dessa, isso é uma loucura, larga esse Rubinho”. Mas o caminho de Bibi não tem volta: ela vai se tornar chefona do tráfico.
“Quando a gente entra na comunidade, com pessoas próximas a essa realidade, o approach é diferente. Dizem: ‘Eu sei o que você está passando’, ‘No seu lugar eu faria a mesma coisa’. Esse feedback tão diferente é a riqueza da personagem”, diz Juliana, que já gravou na comunidade Tavares Bastos, no Catete, e numa favela de Jacarepaguá.
Feliz com a repercussão da personagem, a atriz está tão surpresa com o comportamento passional de Bibi quanto o telespectador. Nem ela se reconhece em cena. “Também fico impactada. Tem reações, olhares, coisas que passam para o público que também é surpresa para mim. Mas tem a ver com a minha maturidade profissional. Cada personagem, vou ficando mais segura e arriscando coisas novas, um pouco de loucura”, conta.
COMPULSIVA
Ao ajudar o marido na fuga e fazer tudo o que ele pede, Bibi mostra uma paixão que não tem limites. Para Juliana Paes, a personagem é uma compulsiva, do tipo das mulheres que amam demais. “Ela precisa ouvir ‘sem você não sou nada’. Isso é melhor do que um ‘eu te amo’. Um ‘eu não vivo sem você’ é o que alimenta as compulsivas por amor”, explica.
Juliana admira a coragem de Bibi, mas não seria capaz, mesmo que por amor, de fazer algo que pusesse sua família em risco e a colocasse à margem da lei. “Não dá pra dizer que ela não é raçuda, que não tem peito. Não sei se eu faria isso”, frisa ela, citando ainda as características negativas. “A passionalidade em excesso prejudica. Ela é muito passional, a ponto de ficar cega. Ela até enxerga as coisas, bota pano quente, mas sabe que ele errou”.
A atitude de Rubinho, que assumiu fazer parte do tráfico, também divide opiniões. O bandido costuma dizer que entrou para o crime para dar uma vida melhor para a família. “Quantas pessoas são pais de família e entram nessa vida por desespero?”, questiona Juliana. “Vivemos num momento em que todos estão desesperados, pessoas roubando para comer. Não é o caso dele. Mas acho que ele não entrou querendo ser um criminoso, mas acabou virando o chefe do tráfico”, completa.
A atriz acredita que Bibi é responsável por Rubinho ter crescido no esquema criminoso. “Sem perceber, ela o tirou do lugar de insignificância na estrutura do tráfico e o colocou perto dos cabeças. Foi ela que sem querer jogou ele lá. No primeiro momento, não foi a intenção dele. Foi tirar a família da lama, como ela”, completa.
ARMADA E PERIGOSA
Após a prisão de Rubinho no apartamento no Leblon — no capítulo de ontem e hoje —, Bibi vai continuar fazendo o que o marido pede, como resgatar droga escondida no morro e depois negociar com traficante. Nos próximos capítulos, até em arma ela vai pegar, dar tiro de pistola e posar para foto com um fuzil. Recentemente, a própria autora Glória Perez publicou em seu Instagram uma foto em que a personagem aparece empunhando um fuzil. “Essa foto... Estávamos gravando uma cena e estava com uma luz linda, e fizemos uma foto. Mandei para a Glória: ‘Vamos esquentar?’ E a Glória postou. Não tem nada escrito sobre isso ainda”, garante.
No último domingo, Juliana apareceu em reportagem do ‘Fantástico’ ao lado da mulher que inspirou sua personagem: Fabiana Escobar, a Bibi Perigosa da vida real, que foi casada por 11 anos com Saulo de Sá da Silva, o Barão do Pó da favela da Rocinha. A atriz ressalta que não existe a obrigação de se fazer uma história idêntica, já que a novela é ficção. “Nunca me pediram para fazer com que minha personagem fosse parecida, mas eu quis encontrar a temperatura dela. Ela é uma mulher esquentada”, diz.
Desde que a novela começou, a atriz entrega que já perdeu uns três quilos. “É falta de comer, fico sem apetite. Como quando chego em casa. São cenas muito pesadas, choro muito. É difícil comer com choro, trava”, conta. “Teve uma cena em que eu olhei e pensei: ‘O corpo é meu, sem curvas’. Alguma coisa tem que ser bom. Mas é que eu não estou conseguindo treinar, não dá nem pra malhar”.
Com a virada de Bibi, Juliana acha que a bandida seria, sim, capaz de fazer algum mal para a policial Jeiza (Paolla Oliveira). “Uma pessoa que é capaz de colocar fogo num escritório, subir num morro... Como ela não vai prejudicar uma mulher que ela acha que arruinou a vida dela?”, deixa no ar.