Por karilayn.areias
Carla SalleDivulgação

Rio - Em ‘Os Dias Eram Assim’, Carla Salle vive uma personagem que tem sua admiração. “A Maria é questionadora, sonhadora, otimista. Me identifico com isso. Sinto que a forma como ela se coloca, como expressa suas opiniões, é uma maneira de provocar. Ela é fora dos padrões”, define.

Na pele da jovem idealista, que aposta na arte como forma de expressão e na luta pela liberdade nos anos 1970, a atriz acredita que muito dos temas colocados em discussão na supersérie ainda são bem atuais.

“Estamos vivendo, mais uma vez, tempos de intolerância. Conhecer a história é importante para não repetirmos os mesmos erros no futuro. Neste trabalho, estamos tendo a oportunidade de falar do passado, que foi repressor, com consequências que se arrastam até os dias de hoje”, reflete. “Estamos tendo a chance de alertar sobre a necessidade urgente de mudança”, conclui.

Na trama, a atriz trabalha pela primeira vez ao lado do namorado, Gabriel Leone, com quem está junto desde o ano passado. Gabriel (Gustavo) e Renato Goés (Renato) são seus irmãos na ficção, todos filhos de Cassia Kis (Vera).

“Somos grandes parceiros. É sempre interessante compartilhar um outro olhar, além do meu. Ainda mais com alguém que eu confio, admiro”, diz ela, que não teme o excesso de convivência e aprova a troca profissional. “A gente joga junto”.

CAMALEOA

Nascida em Niterói, a artista empresta seu corpo e transforma o visual para seus personagens com facilidade. “A caracterização é um passo que contribui na construção de um personagem”, diz.

Para viver Maria, Carla primeiro adotou franja e corte chanel, num visual inspirado na cantora Nara Leão, da década de 1960 (ela colocou ainda um aplique para dar volume ao cabelo). Agora, está com os cabelos louros e mais repicados, para acompanhar a fase revolucionária da personagem, em que ela vive um romance com Toni, interpretado por Marcos Palmeira.

“Mudar a cor, o corte do cabelo, ficar mais magra, acima do peso, tudo isso me causa uma sensação diferente no corpo. Acabo me enxergando de outra forma. Então, a caracterização se torna fundamental”.

ARTE PARA TRANSFORMAÇÃO

Com quase 26 anos (ela faz aniversário em outubro), a atriz fluminense deu os primeiros passos no mundo artístico aos 7, no teatro da escola. “Minha paixão, desde cedo, sempre foi ser artista. Tanto que fazia teatro, dança e música”, lembra.

Carla acredita na arte como forma de expressão e instrumento de transformação. “Ser artista sempre foi uma atitude transgressora por si só. É um ato de coragem”, afirma ela. “Sinto-me suficientemente estimulada para me colocar, para expressar as minhas opiniões. Estamos passando por uma fase em que reina um pensamento retrógrado. Isso vem tomando conta e isso me faz querer agir, interferir”, completa.

E não é de hoje que as personagens de Carla também se posicionam. Em 2015, ela viveu a ativista e feminista Leila, na novela ‘Totalmente Demais’. A intérprete afirma que se identifica com esse tipo de personagem justamente no que chama de ‘pequenas ações revolucionárias’.

“Acredito no poder de transformação da micropolítica. Entendo que o que faço no meu dia a dia, na minha casa, no meu trabalho, no meu bairro, na minha cidade reflete no meu país”, opina. “E acho também que a arte pode ser algo determinante na formação de um ser humano. Por isso, sou parceira de um projeto de arte e cultura, chamado ‘A Arte Salva’, que trabalha com crianças do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias”, revela.

Carla também sonha em viver em um mundo com mais união. “Acho que precisamos de mais compaixão. A gente precisa apurar esse olhar para o outro, porque o trabalho isolado não progride. Temos que perceber que a união e o amor é que vão fazer a gente caminhar melhor”.

FEMINISMO

Ela também é ativa nas causas em defesa dos direitos da mulher. Carla se considera feminista e acha fundamental o posicionamento em relação ao assunto. “Estamos em plena ‘primavera das mulheres’. A luta pela igualdade de gênero vem se fortalecendo. Nós somos uma geração de mulheres potentes e com força para mudar esses velhos padrões”, convoca.

ESTREIA NA TELONA

Depois da produção das 23h, a atriz se prepara para lançar seu primeiro filme, ‘Motorrad’, de Vicente Amorim, em setembro. “É um thriller com motos, um filme de gênero, que é pouco explorado no Brasil. Foi a minha primeira experiência, e eu fiquei completamente fascinada. O que eu posso dizer da minha personagem é que ela é o fio condutor do caos”, conta ela, fazendo, literalmente, suspense sobre a história.

Para os futuros trabalhos, a atriz deseja mais do mesmo, com satisfação.
“Olha, ‘Os Dias Eram Assim’ é um projeto que tem sido feito com muita paixão. Desejo que os próximos trabalhos tenham a mesma gana e paixão, meus e de toda equipe, como este. É isso que me move e instiga”, diz.

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