Por luana.benedito

Rio - O circo chegou e está nos cinemas. ‘Bingo - O Rei das Manhãs’, de Daniel Rezende, fala das aventuras do ator Arlindo Barreto, que interpretou o palhaço Bozo nos anos 1980, no SBT. O alterego de Arlindo é um ator chamado Augusto, interpretado por Vladimir Brichta (o nome “Bingo”, obviamente, representa o Bozo). O problema é que uma cláusula no contrato não permite revelar quem é o homem por trás da máscara, tornando Augusto uma espécie de “anônimo mais famoso do Brasil”. Paralelo a isso, Augusto mantém um relacionamento complicado com o filho Gabriel (Cauã Martins) e com a ex-mulher, Angélica (Tainá Müller). No elenco, estão também Leandra Leal (Lúcia, diretora do programa de Bingo) e Emanuelle Araújo (que interpreta ninguém menos que a rainha do bumbum Gretchen, com quem Arlindo/Augusto mantém um caso).

Vladimir Brichta em 'Bingo-O Rei das Manhãs’ Divulgação

DOIS LADOS

A história de ‘Bingo - O Rei das Manhãs’ chega a lembrar aquela frase do humorista Jerry Lewis (1916-2017), morto na semana passada: “Há uma linha fina entre a comédia e a tragédia”. No caso de Augusto, a tragédia vem de um lado sombrio e compulsivo, que o leva a se envolver com drogas e sexo. E da tristeza por ser um famoso que não pode mostrar seu rosto. “Ele busca o reconhecimento. Nenhum ator suportaria ser anônimo mesmo fazendo sucesso com um personagem”, acredita Vladimir Brichta. “Ele acaba conseguindo sucesso, mas não é o sucesso que ele pretendia fazer. Me fascina muito a ideia de interpretar um palhaço que, ao mesmo tempo, é um cara sombrio, um cara destrutivo. Grandes humoristas flertam com um lado muito sombrio, triste. É da alma humana. Quis contar essa história”.

PALHAÇADA

Vladimir só lembra de ter sido palhaço uma vez, numa peça em que, por acaso, surgiu a ideia de que o personagem se vestisse como um, numa das cenas. “Mas com esse lado ‘clownesco’ eu sempre flertei. Acho que pago as minhas contas há bastante tempo com ele”, brinca. Para pintar o rosto e se entregar às estripulias, contou com a ajuda de Fernando Sampaio, da companhia La Minima, fundada por ele e pelo ator Domingos Montagner.

Aliás, Domingos aparece no filme, em sua última atuação, como um palhaço mais experiente que dá dicas a Augusto. “Domingos era um artista completo, um cara que deixava todo mundo apaixonado. Ele está ali não só nas cenas. Deu também assistência na produção dos textos do filme que falam da figura do palhaço”, revela Vladimir, que foi colocado num circo de verdade por Sampaio.

“Ele me ajudou na construção e no entendimento do que é ser um palhaço e ainda me jogou num circo, com a cara pintada, para que ninguém me reconhecesse. Aí, sim, bati no peito e vi que era um palhaço!”, brinca. E pintar a cara no filme, como foi, Vladimir? “Era difícil porque era tudo muito quente. Precisava retocar inúmeras vezes”.

Maria Paula é protagonista do filme 'Doidas e Santas'Divulgação

DRAMÉDIA

E tem outro filmão nacional chegando nas telas. ‘Doidas e Santas’, livro de Martha Medeiros que gerou o filme dirigido por Paulo Thiago, com Maria Paula no papel principal, já foi peça de teatro. “Mas nos afastamos completamente do roteiro da peça, senão ia virar teatro filmado”, recorda Paulo, que encara a tarefa de, num filme, fazer rir e chorar ao mesmo tempo - a partir da história de Beatriz (Maria Paula), terapeuta de casais que, ironicamente, enfrenta problemas no relacionamento com toda a sua família. E, claro, especificamente com o marido Olavo, interpretado por Marcelo Faria. No elenco estão também Luana Maia (Marina, filha de Beatriz), Nicette Bruno (Eda, a mãe) e Georgiana Góes (Berenice, a irmã).

“É mais difícil fazer rir do que chorar. Dirigir um filme que faça chorar não é mais fácil, mas é um desafio gerar emoção. Pelo menos para mim, que sempre fiz filmes muito sérios, e tive a oportunidade de dirigir pela primeira vez essa comédia”, diz Paulo Thiago. “Bom, nem sei se é comédia, é uma ‘dramédia’ sob um certo aspecto, já que faz rir e emocionar”.

A crise da personagem é desencadeada por uma entrevista em que o repórter lhe pergunta: “Quando foi a última vez que você deu uma gargalhada?”. Em seguida, enfrenta uma barra pesadíssima quando a filha adolescente some de casa. “É quando ela percebe que tem que tomar uma atitude. Fica claro que os desafios mais difíceis são grandes oportunidades de mudanças. E a gente precisa deles para se reinventar. Para mim, essa é a mensagem que mais vai inspirar as pessoas que forem ver o filme”, diz Maria Paula.

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