Rio - A luta por Educação de qualidade chegou ao mundo do samba. O G.R.E.S.E. Império da Tijuca, nota 10 em todos os quesitos no último Carnaval, quando subiu para o Grupo Especial, quer uma quadra para suas atividades, a exemplo do que aconteceu com algumas coirmãs. Fundada em 1940, no Morro da Formiga, a Verde e Branca abrigou desde a criação uma escola de alfabetização, a Tropa José do Patrocínio, fechada em 1974. E desde então não recebe atenção do Poder Público, asseguram moradores da comunidade carente da Zona Norte.
“Seria legal que olhassem aqui para a gente, até porque o prefeito Eduardo Paes nos prometeu há dois anos”, disse o presidente Antônio Marcos Teles, o Tê.
“(A quadra) Não é para mim, mas para a comunidade do Morro da Formiga. Precisamos de um espaço para formar aderecistas, costureiras, ensinar percussão para crianças especiais, entre outros cursos profissionalizantes para o pessoal daqui do morro”, enumera Tê.
Bem-humorado, ele diz que o que chama de ‘descaso’ deve ser motivado pelo fato de a escola ser a única do Carnaval a ter a educação no nome: Grêmio Recreativo Escola de Samba Educativa Império da Tijuca.
Ele afirma ainda que a demora para receber a nova quadra deve-se ao fato de ele não ter apoiado o prefeito do PMDB nas últimas eleições, no ano passado:
“Não apoiei ele, nem ninguém. Não fui a favor, nem contra. Não gosto de misturar a escola com política. Quem quiser pedir voto aqui, que fique à vontade, mas até a porta da escola. Aqui dentro, não”, avisa.
A disciplina de Tê impressiona. Mesmo sem dinheiro, o barracão da escola é um dos mais adiantados do Grupo Especial. O presidente garante que tudo estará pronto até o fim do ano.
“Se não estiver 100%, estará 99%. Basta planejar que dá certo”, ensina.
Família Teles evitou que a escola encerrasse atividades
Falar em Império da Tijuca é falar na família Teles. Em 2004, atolada em dívidas e prestes a encerrar as atividades, Tê decidiu investir quase R$ 1 milhão que estava guardado para a compra de um apartamento na recuperação da escola de coração.
Não foi fácil convencer a mulher e os filhos, mas hoje todos vivem a escola as 24 horas do dia. A primeira-dama, Cristina, é a xerife. Administra a quadra e a venda de fantasias. O filho Luan é o cara do barracão e a filha Laynara, a Rainha de Bateria. Foi a fórmula encontrada para tirar a escola do buraco. “Quando cheguei aqui, não havia nada. Nem lugar para sentar e fazer uma reunião. E R$ 590 mil de dívidas. Fizemos o Carnaval em 17 dias. Hoje não devo nem um tostão a ninguém. Mas falta a quadra para a escola”, cobrou novamente.