Por cadu.bruno

Rio - Um dia para ficar na memória de todos os portelenses. Assim pode ser definida a festa de celebração dos 80 anos de Monarco, realizada neste sábado, na quadra da escola, em Madureira. Diante da mulher, Olinda, dos filhos, netos, amigos e centenas de admiradores, o cantor e líder da Velha Guarda foi homenageado no palco, se emocionou e levou ao delírio o público que lotou o evento.

Monarco e Paulinho da Viola emocionaram público com 'Foi um rio que passou em minha vida'Ricardo Almeida / Divulgação

Três meses após a eleição da atual diretoria comandada por Serginho Procópio e Marcos Falcon, Monarco, presidente de honra da agremiação, fez questão de ressaltar a importância da valorização dos baluartes da Portela e criticou a postura da gestão de Nilo Figueiredo.

"Estavam querendo jogar a história da Portela no lixo. Mas agora tudo começou a mudar. A emoção é muito grande de participar desse momento de virada para a escola. Espero já poder ver a Portela forte e bonita em 2014. Nosso trabalho é para isso", afirmou o aniversariante, que agradeceu o carinho do público e disse se sentia feliz de poder "receber as flores em vida" como cantou Nelson Cavaquinho.

Aniversariante posa com a mulher%2C Olinda%2C e o casal de mestre-sala e porta-bandeiraRicardo Almeida / Divulgação

Em mais de três horas de música, o anfitrião recebeu convidados de luxo como Marquinho Diniz (filho), Juliana Diniz (neta), Dorina, Nilze Carvalho, Tereza Cristina, Tia Surica e toda a Velha Guarda. Havia um roteiro preparado e cheio de surpresas, mas Monarco não quis saber de cerimônias e fez tudo do jeito que achou melhor, afinal estava em casa.

Depois de muitos clássicos de portelenses como "Quantas Lágrimas" (Manacéia), "Lenço" (Chico Santana), "Preciso me Eencontrar" (Candeia), "Esta Melodia (Bubu e Jamelão), era chegada a hora dos duetos com o "afilhado" mais ilustre: Paulinho da Viola, responsável pelo primeiro disco da Velha Guarda da Portela, em 1970.

Sambista completou 80 anos com uma festa histórica na PortelaRicardo Almeida / Divulgação

Ao ser anunciado por Monarco e pelo locutor Teteu José, Paulinho foi ovacionado. Em seguida, cantou três músicas e encerrou sua participação de forma apoteótica com a emblemática "Foi um rio que passou em minha vida". A festa teve ainda Nelson Sargento e bateria da Portela com o intérprete Rixa lembrando alguns dos mais belos sambas da azul e branco como "Lendas e Mistérios da Amazônia" (1970), "Contos de Areia" (1984) e Gosto que me Enrosco (1995).

Fim especial para um dia glorioso para a Portela. O menu do dia foi macarrão com galinha, prato preferido do aniversariante. Figuras tradicionais do samba e da cultura carioca fizeram questão de prestigiar o evento, entre eles o escritor Haroldo Costa, o cartunista Lan, a cantora Cristina Buarque, o presidente da Liesa, Jorge Castanheira, a viúva de João Nogueira, Angela, o pesquisador Luis Carlos Magalhães, o coreógrafo Carlinhos de Jesus e os compositores Baianinho da Em Cima da Hora e Zé Luis do Império Serrano.

Ícones da Portela como Waldir 59, Wilma Nascimento, Dodô, Noca, Cabelinho e a pastora Tia Eunice também abrilhantaram ainda mais a festa com suas presenças. Monarco merece isso tudo e muito mais.

Amigos exaltam importância de Monarco

Lan (cartunista): O Monarco representa minha estreia com a Portela, que foi em 1953. Sou padrinho de casamento dele e tive a honra de fazer a contracapa do primeiro disco dele em 76. Já fizemos show juntos e vivemos muita coisa boa. Ele é uma figura fantástica. É o maior contador de histórias do samba e merece todo nosso respeito.

Haroldo Costa (ator, escritor e comentarista de Carnaval): Monarco é uma unanimidade. Ele passou as fronteiras da Portela e se tornou um ícone do samba. Chegar aos 80 anos como ele chegou é uma benção. A memória da Portela é ele.

Serginho Procópio (compositor e presidente da Portela): Monarco é um grande orgulho para a Portela. Ele era um grande amigo de meu pai (Osmar do Cavaco, já falecido) e isso passou para mim. Já vivemos muitas histórias juntos e só posso agradecer a ele por tudo. Foi uma figura fundamental para nossa eleição e agora temos que trabalhar duro para retribuir essa confiança dele.

Juliana Diniz (atriz, cantora e neta de Monarco): Quero que meu avô viva mais 200 anos. Ele encanta a todos por causa da humildade. Ele sabe dividir o talento dele com os mais jovens e isso me fascina.

Dorina (cantora): Monarco personifica o que é ser sambista. Ele é o grande professor de todos nós e tem uma obra importantíssima e de grande qualidade. Ele não é acadêmico, mas sabe tudo. É uma pessoa especial.


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